Meirelles sai da linha de frente e Michel assume negociação com Congresso

Presidente Michel Temer e o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. Foto Orlando Brito

Sem a presença do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, ou de outros integrantes da equipe econômica, o presidente interino Michel Temer foi negociar pessoalmente com os líderes e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a pauta de votações da semana. Quer terminar a votação do projeto de renegociação das dívidas estaduais sem mudanças, aprovar uma série de MPs que estão perto de perder a validade – entre elas, a que prorroga o programa Mais Médicos – e a LDO, em sessão do Congresso amanhã.

A presença de Temer no almoço na casa do presidente da Câmara, acompanhado apenas de ministros políticos como Geddel Vieira Lima e Eliseu Padilha, agradou os parlamentares e foi interpretada como uma mudança de curso na condução das relações com o Congresso. Não se pode dizer que Meirelles foi escanteado – amanhã mesmo ele toma café com líderes governistas para falar da PEC do teto de gastos – mas todos entenderam que ele sai da linha de frente das negociações políticas. E que o próprio Temer, com a ajuda de Padilha e Geddel, assumirá esse comando.

A mudança, que está sendo operada de forma sutil, atende reclamações de integrantes da base governista, sobretudo do PSDB, que não estavam gostando de ver o superMeitelles – lembrado como possível candidato em 2018 – com tantos poderes, inclusive na seara política. A ida de Temer hoje ao almoço-reunião foi uma forma de tranquilizar os tucanos.

A área política do governo, com os palacianos à frente, também festejou, depois de alguns confrontos com a Fazenda em torno de projetos em votação no Congresso, como o das dívidas dos estados.

Mas uma coisa é a forma e outra o conteúdo. O fato de Michel ter assumido pessoalmente as negociações da pauta não quer dizer que a área política vai ganhar todas as quedas-de -braço com a equipe econômica. No almoço de hoje, houve pelo menos dois recados duros, dados por Temer mas com a digital de Meirelles: o texto do projeto das dívidas dos estados não pode mais sofrer nenhuma mudança e os projetos que dão aumentos salariais ao funcionalismo – como o dos ministros do STF – vão ter que ficar em banho-maria.

 

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