Companheiros de más ideias e portadores de talento escasso para atitudes construtivas, Trump e Bolsonaro destacam- se pelo fracasso administrativo e os ataques à democracia. Ambos criativos na agressividade ao regime democrático. O green go, construtor de muros inacabados na fronteira com o México, ao fim do mandato estimulou a invasão e os tiros no Capitólio. A versão tupiniquim facilitou a venda de revólveres e fuzis para quem quiser. Breve haverá cursos on line para tiro ao alvo. De resto, tal como o colega gringo, revelou incompetência para enfrentar a pandemia do coronavírus. Deixou os amazonenses sem oxigênio para respirar nos hospitais. Muitos morreram por falta de ar. Algo quase impossível de acreditar.
Brasil e Estados Unidos são os campeões mundiais do desastre diante da pandemia, os que menos conseguiram realizar para restabelecer, gradativamente, as condições de saúde de seus habitantes. O presidente daqui desestimulou todas as medidas recomendadas pelos médicos para reduzir a infecção pública. Bastaria usar máscaras de proteção, evitar aglomerações, adotar medidas rigorosas de higienização. Nos EUA, Trump repetiu o exemplo de seu seguidor. Dos países mais ricos e desenvolvidos é hoje o mais arrasado. A eleição permitiu sua derrota pelo povo, que realmente manda nas democracias. Ambos viraram caricaturas desmoralizadas em seus países.
Trump já foi. Deve fazer algum repouso e trabalhar para recuperar suas empresas . O Bolsonaro ainda pode ser presidente, de novo. Além de enfrentar, outra vez, reminiscentes dos exércitos de Covid 19. Mas vai ser difícil. Ele mesmo já revelou que a eleição de 22 será uma bandalheira, com fraude eleitoral, pancadaria nas ruas e outros abusos. O chefe de sua campanha poderá ser o general Pazuello, doublé de militar e médico. O futuro da humanidade ainda sofre riscos. Podem surgir tipos novos do vírus, como alguns que pipocaram na Europa depois das primeiras vitórias dos homens contra o maldito. Se não houver novos pretendentes, o que será difícil diante das qualidades dos dois atuais contendores, o prêmio Guiness de Recordes da Incompetência poderá ficar para o grande atleta Bolsonaro.
Nesse maior drama da humanidade nos últimos séculos, a terra foi assolada pela dor, a doença, a morte, o desespero, a falta de remédios, a falta de oxigênio e a ignorância dos que não participaram das ações preventivas. Vimos como surgiu do nosso próprio meio, em todo o mundo, milhões de extraordinários seres humanos, médicos (as), enfermeiros (as), técnicos (as) de equipamentos médicos e cirúrgicos, motoristas, carregadores, enfim, uma gama fantástica de servidores da humanidade. Sem dúvida foi uma das maiores epopeias vividas pelo homem. O que aconteceu no Amazonas foi um espetáculo de luta contra a morte. Aviões traziam cargas de oxigênio e na volta levavam doentes para serem atendidas em outras cidades.
Uma operação de salvação extraordinária aconteceu e está em andamento em Manaus. Muitos brasileiros choraram de desespero ao testemunharem a morte pela indisponibilidade de oxigênio para substituir o ar da vida que chegaria aos pulmões de tantos irmãos e irmãs. Ninguém do exército do ministro da Saúde previu que isso aconteceria? Falta de um elemento básico para salvar a vida das vítimas do vírus? Custa a acreditar. Na era bolsonariana tudo pode acontecer. O Brasil é o país onde o número de médicos (as), enfermeiros (as), técnicos(as) de enfermagem e outras especialidades é o mais elevado de mortes do mundo. Todos os indicadores especializados indicam esta evidência. Mais de 280 médicos (as) já morreram, além de 350 enfermeiros (as). Alguns sentindo a satisfação do dever cumprido à custa da própria vida, conforme externaram aos seus últimos confidentes.
O mundo vive um dos períodos mais difíceis de sua existência. O confronto maior é entre a dedicação, a disposição de trabalho e o sacrifício pessoal de milhões de servidores (as) da saúde, e os grupos que ignoram o real perigo da pandemia. Não têm o sentido da fraternidade. Preferem a cerveja e o batuque. Com certeza vai vencer a luz da inteligência, do amor, do humanismo, da cooperação entre os habitantes do mundo. Os que deram a vida por essa vitória, do céu acompanharão a alegria na terra. Todos os vírus serão vencidos. A terra e seus habitantes, saudáveis com o avanço das ciências, um belo dia conhecerão a felicidade.
— José Fonseca Filho é jornalista