O ano de 2021 mal começou e o presidente Jair Bolsonaro já conseguiu a proeza de fazer o Brasil pagar o primeiro mico perante o mundo democrático ao repetir, tal qual um papagaio – com todo respeito a essas lindas aves – o que vem afirmando o desesperado Donald Trump, que houve fraude na eleição americana. Enquanto o mundo condena com veemência a invasão ao Capitólio, Bolsonaro e seu ignóbil chanceler, Ernesto Araújo, silenciam sobre o assunto, exibindo uma subserviência incompreensível ao futuro ex-presidente dos Estados Unidos.
Nem mesmo os principais aliados de Trump apoiaram a presepada dos seus apoiadores ao invadir o Capitólio, numa tentativa desesperada de tentar impedir que Congresso Americano certificasse a vitória de Biden. O primeiro ministro inglês, Boris Johnson, e o premier israelense, Benjamin Netanyahu, não pouparam críticas aos últimos acontecimentos na maior democracia do mundo.
Aqui, ao contrário, Bolsonaro aproveitou o episódio para, numa conversa com apoiadores, voltar a fazer ameaças à democracia brasileira, caso o voto impresso não seja restaurado nas próximas eleições. Mais uma vez, o presidente colocou em xeque o resultado do pleito de 2018, do qual foi eleito, afirmando que houve fraude e por isso não venceu no primeiro turno.
No início de março do ano passado, durante visita aos Estados Unidos, Bolsonaro fez as mesmas acusações. Na época, garantiu que mostraria as provas de fraudes nas eleições assim que chegasse ao Brasil. Quase um ano depois, nada foi apresentado até agora, revelando o total desprezo do presidente pelas instituições. Situação lamentável.
Vergonha alheia
E por falar em mico, nada mais patético do que o pronunciamento do ministro da Saúde, Eduardo Paumandado, oops, Pazuello, em rede nacional de rádio e televisão na noite de ontem, tentando livrar a cara do chefe pelo resultado desastroso do governo no combate à pandemia.
O inepto ministro não disse nada de importante. Não anunciou a data do início da vacinação no Brasil, principal interesse da população nesse momento em que atingimos a triste marca de 200 mil mortos pela covid-19.
Sequer pediu desculpas pela sua incompetência e incapacidade de elaborar um plano de vacinação completo com aquisição dos imunizantes, agulhas, seringas e logística para distribuição do material. Era o mínimo.
Poderia ter aproveitando o momento para anunciar que sua saída do cargo. Seria um alivio. Mas não. Preferiu usar o preciso tempo nos meios de comunicação para passar vergonha. Mais uma em meio a tantas.