No Rio não se fala em outra coisa: eleições. Como bom carioca, não poderia escrever sobre outro assunto.
Mas, o que andam falando alto pelos botecos e gritando nos mercados que, aliás, andam lotados mesmo em tempos de pandemia com números crescentes? Falam do xadrez que se tornou a disputa pela gestão da prefeitura da Cidade Maravilhosa e da série da Netflix “Gambito da Rainha”.
No tabuleiro do jogo o objetivo é ‘conquistar o rei adversário’, por aqui, se traçam novas estratégias e regras. A ideia é derrubar o bispo, deixá-lo desprotegido pelos guardiões, leia-se peões em movimentos rápidos e definitivos.
Há um movimento, com articulações até da esquerda, apoiando, no segundo turno, para burgomestre da cidade, Eduardo Paes, Dudu como ele gosta de ser chamado. Uma coisa é fato: Dudu gosta do Rio, tem carioquices no sangue, gosta de samba, é bom sujeito.
Nos papos com meus amigos aos sábados na Livraria da Travessa de Ipanema, suspensos pela pandemia e agora virtuais e na Casa Villarino, berço eterno da Bossa Nova, suspenso pelo encerramento de suas atividades, a conversa, quando se refere ao alcaide atual, é sempre a mesma: “a cidade está abandonada”, “a cidade perdeu o rumo”. Reclamar ao bispo? Não adianta, não surte o menor efeito.
Nas praias, que também andam, insanamente, apinhadas de gente bronzeada mostrando seu valor, como se não houvesse amanhã ou, quem sabe, o Sol não vai aparecer no dia seguinte – teve até luau no Arpoador – o assunto se repete: quem será?
Taxistas estão divididos pelas ruas, esquinas, automóveis e avenidas; acham que Paes não os defende. Uberistas sussurram em seu dia a dia, por praças, viadutos que ele quer acabar com os aplicativos.
Os candidatos se digladiam em acusações mútuas e múltiplas, discursão de plano de governo? Qual o quê. Um vaga de fake news, como uma onda no mar, se espalha pelas redes sociais. Meu porteiro, sábio seu João, me disse a frase lugar comum mais cabível para este momento: “Carlos, estamos entre a espada e a cruz”!
Vou para o Bar Lagoa, pedir um chope, um kassler com salada de batatas e ouvir a opinião, sempre muito embasada dos queridíssimos Zeca, Alfredo, Chico e Gomes.
Quem conquistará o rei?
— Carlos Monteiro é Jornalista