No final da noite dessa quinta-feira, a pesquisa Datafolha sobre as intenções de voto em São Paulo driblou a censura e finalmente veio à tona. Trouxe relevantes novidades. Seus resultados explicam, por exemplo, o desespero de Celso Russomanno na absurda tentativa de escondê-la: sua candidatura simplesmente derreteu — tem hoje menos da metade do apoio que teve no começo da campanha eleitoral.
Natuza Nery, craque repórter da Globonews, estranhou essa aposta na censura à imprensa de um candidato que se apresenta aos eleitores como jornalista, e perguntou a Elsinho Mouco, marqueteiro de Russomanno, se não era um tiro no próprio pé. Ele respondeu que é melhor no pé do que no peito. Com a revogação da censura, que era previsível, Russomanno recebeu as duas balas.
Talvez o maior tirambaço contra a própria meta tenha sido a aposta em se vincular ao presidente Jair Bolsonaro como um golaço. Deu ruim primeiro pela rejeição dos paulistanos a esse presidente desvairado. Depois que Bolsonaro cometeu a sandice de torcer contra a vacina que São Paulo e o Brasil aguardam com ansiedade para a vida voltar a normalidade, o erro de cálculo de Russomanno se transformou em desastre.
Pelos números do Datafolha, Guilherme Boulos passou de 14 para 16% das intenções de voto enquanto Russomanno fez exatamente o caminho inverso, caindo de 16 para 14%. Essa subida de Boulos pode ser atribuída à cristianização da candidatura Jilmar Tatto pelo eleitorado petista. Tatto caiu de 6 para 4%, numericamente o mesmo avanço de Boulos.
Mas, no site do PT, Tatto continua sendo tratado como candidato viável. O destaque lá é um artigo de Vagner Freitas, dirigente do partido e ex-presidente da CUT chegado a delírios. Quem não se lembra dele prometer em um patético discurso no Palácio do Planalto “ir para as ruas de armas na mão” para impedir o impeachment de Dilma Rousseff. Diz ele agora que Jilmar Tatto “aparece com musculatura e fôlego nessa reta final para chegar ao segundo turno”. O que chama atenção é ser ele o porta-voz no site do PT da aposta na candidatura do partido na principal cidade do país. Lula já tirou o time de campo.
Na terça-feira, Gleisi Hoffmann, presidente nacional do partido e marionete de Lula, tentou convencer Jilmar Tatto a pedir apoio dos petistas para Boulos. Tatto resistiu. Depois desse Datafolha ele pode mudar de opinião, especialmente se receber um empurrãozinho de Lula.
A conferir.