Fofocas no Planalto: quem fala demais dá bom dia a cavalo

Ministro Marcos Pereira

O que deu nele? É o que muita gente está se perguntando sobre o discurso feito hoje de manhã pelo ministro do Desenvolvimento Industrial, Marcos Pereira, na Associação Comercial de SP. O quase sempre discreto Pereira, do PRB, disse, entre outras coisas, que não continuará no governo se as reformas não avançarem – completando que, se não forem aprovadas até o primeiro semestre do ano que vem, não serão mais.

Mas não foi só. Disse que, sem os avanços nas reformas, “o povo volta para as ruas”, e que o presidente Michel Temer sabe que, sem ações concretas, o clima de lua-de-mel acaba. E fechou com a pérola: “Não sou rival de Serra porque não sou candidato à presidência”.

Todo mundo sabe que a situação de Pereira no governo não é das mais confortáveis desde as origens, quando Temer teve que aceitar sua indicação para manter o apoio do PRB, à revelia de aliados mais fortes e do próprio setor. Mas o novo titular do MDIC, que nada tem de bobo, vinha se saindo bem na tarefa de aprender os temas da pasta e se aproximar do empresariado.

Sua atitude de hoje surpreendeu o Planalto e aliados, e dá a impressão de estar costeando o alambrado, talvez por pressentir que, superada a votação final do impeachment, sua cabeça poderá ser colocada a prêmio. Essa impressão deve ter sido reforçada por matéria publicada em O Globo com avaliações em “off” de palacianos próximos a Temer sobre o desempenho dos ministros. Nesse critério – que ninguém sabe se é ou não de fato o do presidente – Pereira ficou com nota baixa.

Se for mesmo assim, os auxiliares de Temer perderam uma boa oportunidade de ficar calados. O governo já tem problemas demais, inclusive relacionados a arroubos verbais de seus integrantes, para criar outros.

 

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