Poucas comunidades de imigrantes foram tão esquecidas, pela falta pela ideologia ou pela falta de educação, como a dos brasileiros nos Estados Unidos. O brasileiro já foi considerado um preguiçoso, um tipo pitoresco ou simplesmente uma vítima da administração do Marquês de Pombal. Embora algumas das velhas imagens do brasileiro tenham caído de moda, a sua condição de segunda classe continua hoje a mesma de sempre.
Na semana passada, com as pesquisas apontando uma larga vitória para o democrata Joe Biden, integrantes da campanha do republicano Donald Trump tiveram a ideia de buscar apoio na comunidade de imigrantes de brasileiros nos Estados Unidos. Para entender melhor esse segmento do eleitorado, entretanto, tiveram que contratar analistas de imigração e institutos de pesquisas.
Questão matemática, educacional, ideológica e psicológica
Ao contrário das pesquisas anteriores, quando diversas entidades queriam entender o comportamento do imigrante brasileiro – geralmente sem sucesso -, queria saber a intenção de voto no Brasil e nos Estados Unidos. Em termos metodológicos, esta foi, também, muito simples.
Novecentos e cinquenta e quatro brasileiros foram entrevistados em Nova York, Califórnia, Flórida, Illinois, Massachusetts e Indiana. Se depender dos eleitores residentes na Terra do Tio Sam, o presidente Jair Bolsonaro será reeleito no primeiro turno com 67% dos votos. A grande surpresa foi o péssimo desempenho de Trump na pesquisa. O republicano tem apenas 12% de aprovação da comunidade brasileira.
Os números não refletem as relações entre Brasil e os Estados Unidos. Trump com frequência diz: “Eu gosto de Bolsonaro, ele gosta de mim”. Esta parece uma declaração honesta, mas o imigrante brasileiro tem uma visão muito limitada de política e relações internacionais.
No passado, os presidentes americanos tentavam influenciar a política brasileira. Trump sinalizou que aqueles dias acabaram e que Brasília não teria que se preocupar muito com críticas ou “discursos” de Washington.
O atual presidente americano não é popular no Brasil e o apoio ao presidente Bolsonaro é, no entanto, um sentimento antipetismo. Um cachaceiro semianalfabeto fez uma revolução social e colocou o Brasil no mapa do Primeiro Mundo. Coisa que nem mesmo os doutores da Sorbonne conseguiram. Na “Era Lula”, o Brasil empregou milhares de americanos, até mesmo no mercado informal.
A psicologia é importante ferramenta para entender esse ódio contra o PT e esse apoio fanático ao presidente Bolsonaro. A maioria dos imigrantes brasileiros vivem na linha de pobreza, sofrem de profunda depressão, e tem sérios problemas com álcool e drogas. A vida de um imigrante nos Estados Unidos é um cartão postal do inferno. Mas, no Brasil, os parentes e amigos têm a ideia de que eles estão vivendo o sonho de Wall Street e da Quinta Avenida. A culpa de Lula foi ter tirado o Brasil da pobreza e ter levado à população ao paraíso do consumo. E os imigrantes brasileiros não conseguiam responder a uma simples pergunta vinda das ensolaradas praias do Brasil: “o que vocês estão fazendo aí?”