O presidente da pátria amada e se tornando armada é apreciador de umas boas disputas, alguns atritos e muita insinuação de ameaças contra seus muitos adversários . Vai tocando sua rotina atribulada como chefe de um governo surpreendente. Briga com ministros, parlamentares, governadores, e por aí vai. Mas sua predileção maior mesmo é brigar com jornalistas . Mais ainda, adora uma verdadeira guerra contra a televisão, sendo seu alvo predileto a que tem a logomarca redondinha. Além do mais odeia um jornal lá de São Paulo.
País armado porque o presidente começou logo uma campanha belicista com a flexibilização da compra e uso de armas e munição. Quem não gosta de bang bang espera por um desenvolvimento com todas as camadas sociais em perfeita convivência, disposta à mútua colaboração para a superação de seus problemas. Agora o presidente está tentando iniciar uma aproximação com as lideranças políticas do Congresso. Naturalmente, com tanto projeto importante para aprovar é necessário buscar o apoio da maioria dos parlamentares.
A reforma tributária, capengando há meses, espera que Paulo Guedes e Rodrigo Maia acabem de vez com seus chiliques. Geralmente fazem as pazes e voltam aos tapas. Ele na verdade é gente boa, acaba comentando um sobre o outro. Guedes teve briga com outro ministro, Rogério Marinho. Deve ser por isso que não sai reforma tributária, nem administrativa, e o tal programa social que já foi marcado e cancelado várias vezes pelo próprio presidente. Era Renda Brasil, depois Renda Cidadã, mas pode acabar virando renda nenhuma. Ou ganhar outra denominação, como Renda Bruta.
O presidente é militar e seu governo obviamente conta com vários ministros e assessores oriundos da caserna. Até na Saúde, até na Vice. Sem problemas. Inclusive ajuda a promover a reaproximação entre o estamento civil, políticos e militares, de relações abaladas após os exageros e violências depois do golpe de 64. Mas aos poucos se recompondo.
Todos são brasileiros, afinal. Esse período bolsonaresco, digamos assim, se conduzido pelo presidente com habilidade e franqueza, pode fortalecer a solidariedade e a convivência entre todos os grupos de brasileiros, um povo que reconhecidamente tem caráter pacifista e de fácil convivência, sem distinção de raças, religiões, atividades econômicas. E breve vão acabar as brigas das torcidas de times de futebol e os exageros do carnaval, dois comportamentos egressos da ignorância. O resto é o povo unido no combate à criminalidade e à violência.
Se os políticos e o governo vivem às turras, os ministros e representantes de outros poderes se engalfinham, as acusações gratuitas ou procedentes se acentuam, e o país não sai do buraco. Aí sim, fica mais difícil. O Chefe do Governo deve contribuir para essas conquistas dando exemplos. Já é tempo de o Brasil superar seus problemas e estimular a harmonia de sua população, grupos políticos, igrejas, setores empresariais e esportivos, todos. Para poder avançar em sua história com grandeza, humanismo e desenvolvimento.
Já entrou ministro, saiu ministro, alguns antigos bolsonaristas romperam com o governo, e o presidente corre para lá e para cá, discutindo aqui e acolá. Abusa da eletrônica, faz guerra nas redes sociais, onde os insultos se confundem com informes e fakes. As lives se reproduzem e toda uma equipe participa do batalhão eletrônico , com mensagens dirigidas até a países estrangeiros. Porque lá dizem que a Amazônia está queimando e aqui o governo diz que não. Deve ser uma fogueirinha, como a gripinha do coronavírus. O brasileiro é um povo pacífico. Disputas desagregadoras contribuem para a desarmonia social.
O presidente exagerou ao se vangloriar de que havia extinto a Lava Jato. Teria sido uma contribuição para manter a bandidagem em desenvolvimento no país , depois de tanto esforço para prender e condenar os ladrões de luxo. É preciso algum cuidado para ele não pensar também em acabar a Polícia Federal.
— José Fonseca Filho é Jornalista