Votação chama atenção de Temer para cuidar do Senado

Michel Temer e Renan Calheiros. Foto Orlando Brito

Os aliados do vice-presidente Michel Temer contavam na última hora obter 56 votos a favor da abertura do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.

Uma margem de dois votos sobre os 54 considerados importantes para marcar que o governo Temer terá o apoio de dois terços dos 81 senadores pela aprovação definitiva do impeachment, daqui a 180 dias.

Os 55 votos que vieram foram considerados como um resultado muito bom pelo chamado núcleo duro do governo.

Mas os neo-governistas sabem que 54, 55 ou 56, não garantem o sucesso futuro mais do que o próprio desenrolar do governo. A presidente que sai já teve formalmente até uma margem maior de apoio do Senado, e deu com os burros n’água.

O que vai garantir o sucesso é a combinação de um bom desempenho na política econômica com o manejo adequado da política propriamente dita. Para o bem ou para o mal, uma coisa influencia a outra.

A situação na Câmara é considerada hoje segura pelos articuladores políticos do novo governo. O presidente da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), não é considerado um grande problema. Não tem a astúcia nem os apoio de seu antecessor, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), mas tem os mesmos problemas com a Lava Jato. Ou sairá do cargo, ou acabará se rendendo ao novo poder.

De resto, na contagem de votos em plenário, a planilha da votação do impeachment na Câmara mostra que os aliados de Temer já detém mais do que os dois terços necessários na Câmara.

No Senado, os dois terços ainda são considerados incertos. Nomes que votaram a favor do impeachment podem a qualquer momento partir para a oposição. Num primeiro levantamento, os articuladores do Planalto já viram cinco casos: Álvaro Dias (PV-PR), Regufe (Sem partido-DF), Cristovam Buarque (PDT-DF), Ana Amélia (PP-RS) e Acir Gurgacz (PDT-RO).

O primeiro passo para consolidar uma situação mais tranquila no Senado era refazer a relação entre o novo presidente da República, Michel Temer, e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Os dois chegaram a trocar desaforos durante a eleição do líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picianni (RJ).

Mas a mal articulada tentativa de Waldir Maranhão de anular, na segunda-feira, a aprovação do impeachment pela Câmara acabou aproximando Renan de Temer: o presidente do Senado cedeu aos argumentos para ignorar a decisão de Maranhão e tocar para frente o processo no Senado. Temer foi pessoalmente na terça-feira à Residência Oficial do Senado agradecer a Renan. E os dois começaram ali mesmo a discutir os pontos de entendimento dentro do PMDB para dar tranquilidade e sustentação ao governo Temer no Senado.

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