Passadas as Olimpíadas, Temer vai esvaziar o PMDB do Rio

Prefeito do Rio de Janeiro Eduardo Paes. Orlando Brito

E o PMDB do Rio de Janeiro, hein? As expectatativas não são nada boas para a ala fluminense do partido com o governo Temer, depois das Olimpíadas.

Vamos lembrar alguns fatos:

O novo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), é filho do ex-prefeito do Rio Cesar Maia, adversário histórico do PMDB local.

Vai aí uma palinha da news letter “O Ex-Blog do Cesar Maia” distribuída ontem, em que Cesar Maia fala do pesadelo que se tornou para o prefeito Eduardo Paes (PMDB) o sonho com as Olimpíadas e o projeto de sair candidato a presidente da República:

A eleição pós-olímpica e a presidência da República dos sonhos passaram a (tornaram-se um)  pesadelo. (Paes) Mandou um crítico nas redes sociais se mudar do Rio. E elas repercutiram: ‘Mas não é ele que vai morar em New York após sair do governo?’ E veio o ato falho final na entrevista ao The Guardian: ‘A Olimpíada é uma oportunidade perdida!’ Perdida para quem? Especialmente para ele mesmo.”

Por sua vez, Rodrigo, o filho de Cesar, janta hoje com o presidente da República em exercício, Michel Temer (PMDB), para discutir com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a pauta de votações do Congresso.

Rodrigo é o mais novo velho e grande amigo de Temer. Foi eleito graças às bençãos do Palácio do Planalto (entre outras coisas, naturalmente).  Vai atravessar as eleições municipais no poderoso cargo de presidente da Câmara. E terá todo o apoio do governo federal de que precisar. Afinal, o governo também depende dele.

Já Eduardo Paes nunca foi tão amigo assim de Temer. O prefeito e o governador Pezão — que está afastado cuidando da saúde — sempre apoiaram a presidente afastada Dilma Rousseff. Só viraram os votos de seus deputados contra o impeachment no último momento, quando viram a batalha perdida. Antes, como se sabe, tanto Paes como o ex-governador Sérgio Cabral sonharam assumir a Presidência da República e tomar de Temer o comando nacional do PMDB.

Como se não bastasse, outra figura importante no PMDB do Rio de Janeiro, o ministro do Esporte, Leonardo Picciani — que foi líder do partido na Câmara dos Deputados –, participou das articulações pela eleição de Marcelo Castro (PMDB-PI) para presidente da Câmara, contra a vontade de Temer.

Agora o Palácio do Planalto já começa a dar sinais de que, após as Olimpíadas, a pasta de Picciani deverá ser extinta e fundida ao Ministério do Turismo. E a família Picciani — o pai de Leonardo, Jorge Picciani, é um grande cacique do PMDB fluminense — perderá um precioso espaço na Esplanada dos Ministérios.

Mas tem mais azar o PMDB do Rio de Janeiro: chama-se Eduardo Cunha.

Todo mundo sabe que o deputado está para ser cassado. Ele também tinha grande parcela de força no no partido em seu estado. Agora, se vier a mover alguma peça no xadrez fluminense, será pela via da delação premiada contra seus antigos aliados. Fora disso, vai cuidar da sua própria vida e tentar algum socorro do velho amigo Michel Temer.

Resultado: a ordem no governo por enquanto é ajudar no que for preciso para as Olimpíadas do Rio não naufragarem totalmente. E Michel Temer estará lá, com pompa e circunstância, na abertura do Jogos.

Mas depois… Bem, depois ele aperta as mãos do prefeito Eduardo Paes, dá adeus ao PMDB fluminense que tanto o atormentou no passado e se lança aos braços do novo grande amigo Rodrigo Maia e seu pai.

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