A “Folha de S.Paulo” traz hoje, na machete, a informação de que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) abertura de inquérito contra o ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, por corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a empreiteira OAS e o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Traz também uma alentada entrevista do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmando que antes de nomear qualquer ministro, o presidente em exercício, Michel Temer, perguntava ao candidato: “Você foi citado na Lava Jato? Em relação a isso, avalia que há algo mais, ou não?”.
Segundo Padilha, os que foram consultados disseram que não. Ao que Temer arrematou: “Pois bem, se algo acontecer mostrando que não é bem assim, peço que você pense imediatamente em pedir exoneração. Caso contrário, eu terei de fazê-lo.”
Ou seja, Henrique Eduardo Alves provavelmente já está fora do governo, já que o procurador-geral da República considerou que há algo comprometedor. E são realmente comprometedoras as trocas de mensagens, reveladas pela “Folha”, entre Alves, Cunha e Léo Pinheiro, da OAS.
Mas o curioso no caso do ministro é que o pedido de Janot foi enviado no fim de abril ao STF. E o processo continua oculto, sem informações sobre se o ministro-relator, Teori Zavascki, determinou a abertura de inquérito.
Segundo o jornal, o pedido de Janot cita ainda o ministro Geddel Vieira Lima (secretaria de Governo) e Moreira Franco, secretário-executivo do Programa de Parceiras de Investimento. E mais: o próprio presidente Michel Temer, que teria recebido R$ 5 milhões da OAS ligados à obtenção da concessão do aeroporto de Guarulhos.
Ou seja, esse caso Henrique Eduardo Alves não é pouca coisa, não. Pode abalar o núcleo duro do governo. Daí porque, ao contrário do que disse Padilha na entrevista, talvez não seja ponto pacífico que o ministro do Turismo deixará o cargo imediatamente.