Para o bem ou para o mal, tudo indica que virão bombas de todos os lados depois de aprovado definitivamente pelo Senado o impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff.
A expectativa é de que a votação não ocorra antes de agosto.
Do ponto de vista da Operação Lava Jato, só depois de agosto começam estourar os casos mais cabeludos, de prisão de políticos de peso ainda na ativa, dos supostos “cabeças do esquema” e de ministros e ex-ministros.
Do ponto de vista político — além dessas prisões terem potencial de virar o Congresso de cabeça para baixo e até de abalar o governo — é também depois do impeachment que o presidente em exercício, Michel Temer, pretende mandar ao Congresso um projeto com potencial de rachar sua base parlamentar: a polêmica reforma da Previdência.
No último dia 13, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, declarou que a reforma seria encaminhada ao Congresso em julho. Mas ontem Temer anunciou, na entrevista ao jornalista Roberto D’Ávila da Globo News, que decidiu deixar o assunto para depois que “tiver a efetivação” de seu mandato pelo Senado. Ou seja, depois do impeachment.
Do ponto de vista do mercado e do empresariado, também deverá vir depois da votação do impeachment uma discussão mais efetiva sobre aumento de impostos. Temer deixou escapar, também nessa entrevista a Roberto D’Ávila: “Eu não estou falando em aumentar impostos ainda, primeiro ponto. Ainda. Estou segurando isso (…).” Pois é: Ainda!
E, do ponto de vista das ruas, o impeachment de Dilma; as denúncias e prisões da Lava Jato; a reforma da Previdência e demais medidas de aperto que virão quando o governo Temer estiver efetivado; e o aumento de impostos serão combustível mais que suficiente para incendiar o povão.
Enfim, parafraseando Manuel Bandeira, “há todas as probabilidades menos uma” de o mundo cair após a votação do impeachment.
Mas o poeta também afirmou que “o cálculo das probabilidades é uma pilhéria”.
Deus salve os poetas!