Hoje o dia é muito importante para o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha PMDB-RJ). O deputado Ronaldo Fonseca (PROS-DF) entrega hoje à Comissão de Constitutição e Justiça o seu parecer sobre o recurso impetrado por Cunha contra sua condenação pelo Conselho de Ética.
Além disso, Eduardo Cunha amanheceu discutindo com aliados se deve ou não renunciar. O que ele ganha e o que ele perde com isso? A pressão dos aliados é grande para ele renunciar.
No encontro quase secreto que manteve com o presidente da República em exercício, Michel Temer, na noite de domingo dia 26, Eduardo admitiu a possibilidade de renunciar em troca da boa vontade do governo em dois pontos: lhe ajudar a transferir para o Rio de Janeiro o processo que corre contra sua mulher e sua filha, no Paraná do juiz Sérgio Moro; e na eleição de um sucessor para o comando da Câmara que seja seu aliado.
Na dúvida se Cunha gravou ou não a conversa, Michel Temer acabou admitindo publicamente que houve o encontro e, neste final de semana em entrevista à revista “Veja”, revelou que disse ao deputado que ele deveria mesmo “meditar a respeito” da possibilidade de renúncia.
Quando um presidente da República lhe diz para “meditar a respeito” é porque ele gostaria muito que você fizesse isso. E poderá ser grato. São os códigos da política.
E desde então Cunha tem pensado muito sobre o tema. É o tal Dilema Tostines: Ele vai ficar mais tostadinho se não renunciar, contrariando o presidente; ou a renúncia o queimará de uma vez no fogo da política?
Para a maior parte dos aliados de Cunha hoje ele só tem a perder se não renunciar. Estará atrapalhando as votações dos projetos do governo — já que o vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão (PP-MA) não consegue comandar as sessões — e, portanto, não terá apoio na eleição de seu sucessor, o que prejudicará a votação de sua cassação em plenário. Além de não contar com a ajuda do Palácio do Planalto junto ao Supremo Tribunal Federal no processo.
Mas, sabe como é: na política quem não tem poder perde valor. Cunha conhece isso muito bem. Já viu vários aliados e adversários crescerem e sumirem do mapa. Se renunciar, corre o sério risco de ser abandonado por aqueles que acreditava seus seguidores…
O que será que ele vai fazer?
Na política, como na propaganda, ninguém ainda decifrou o Dilema Tostines.