Não foi por sua própria motivação que o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, orientou os líderes da base governista a aprovarem os 15 projetos de aumento de servidores na madrugada de quinta-feira, mesmo contra a vontade da bancada do PSDB.
A contra-gosto, Meirelles seguiu uma determinação do presidente em exercício, Michel Temer, que, por sua vez, cumpriu acordo firmado pelos líderes de sua base com os servidores ainda no governo Dilma.
“Fomos nós mesmos que fizemos a besteira, na época das pautas bombas. Agora não adianta colocar a culpa no Meirelles”, disse o líder do governo no Senado, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), a um colega de partido que fez críticas à posição do governo quanto ao aumento dos servidores.
Aloysio lembrou que, no governo Dilma, o Senado e depois a Câmara aprovaram um aumento até maior, o que levou a presidente a vetar. “Depois nos demos conta da burrice e acertamos com o PT a manutenção do veto, mas em troca de colocar os aumentos no Orçamento e aprová-los agora. Fomos nós mesmos os culpados. Essa é a verdade”, disse Aloysio.
O outro desconforto de Meirelles é quanto ao Ministério do Planejamento. O ministro da Fazenda gostaria de ter ali alguém de sua confiança. Mas o Palácio do Planalto não o autorizou a indicar ninguém para o lugar do ministro interino, o secretário-executivo, Dyogo Oliveira.
Dyogo vem do governo Dilma e não tem lá muita autoridade junto à trma do atual governo. É mantido ali pelo ex-titular, o senador Romero Jucá, afastado depois que foi pego nas gravações do ex-presidente da Transpetro Sérgio Macahado.
Jucá continua atuando como o verdadeiro ministro. No Senado, tem dito que não pode deixar a área econômica toda nas mãos de Meirelles, porque este “não conseguria aprovar nada no Congresso. Ia ficar igual o Joaquim Levy” (ministro da Fazenda de Dilma).
Pois é. o ministro Meirelles ainda tem lá sua influência. Mas o poder é assim: mesmo tendo força, há que se engolir sapos.