Nelson prepara saída da Fazenda sem ter mudado a política de Levy

Já está instaurado um clima de arrumação de gavetas na Esplanada dos Ministérios. Não há entre os atuais ministros nenhum com esperanças de permanecer no cargo após a aprovação da admissibilidade do processo de impeachment no Senado.

Mas, de todos, talvez o mais decepcionado seja o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa.

Simplesmente porque foi um dos que mais lutou para assumir a vaga de seu antecessor.

Nelson era chefe do Planejamento, enquanto a Fazenda estava sob o comando de Joaquim Levy, que por sua vez havia assumido o Ministério como uma tentativa de salvar o governo Dilma Rousseff aproximando-o do mercado financeiro e do grande empresariado.

Petista, Nelson Barbosa tem uma formação diferente da ortodoxia de Joaquim Levy. Acreditava poder dar um novo rumo à política econômica e, com isso, recuperar as finanças do país.

Mas nem o mercado, nem o Congresso, nem a conjuntura internacional e nem a presidente Dilma Rousseff permitiram que ele alterasse a direção da política econômica.

Tanto que, nos EUA, Levy encontrou há cerca de um mês com um antigo subordinado no Ministério. Perguntou que rumo as coisas estavam tomando sob a administração de Nelson Barbosa. Ao ouvir a descrição do interlocutor, respondeu:

“Mas se era para não mudar nada, eu bem que podia ter continuado ministro.”

Moral da história: quem não gosta de ser ministro?

Mesmo Levy, que tanto penou na mão do Congresso e da presidente Dilma, ainda queria continuar.

E Nelson — que tudo fez para assumir e nada mudou para não contrariar quem pudesse mantê-lo no cargo — sai entristecido.

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