Como se sabe, a presidente afastada da República, Dilma Rousseff, reuniu-se na última terça-feira, 28, com senadores e deputados do PT e membros da Executiva Nacional do partido no Palácio da Alvorada para avaliar o quadro político e suas possibilidades de retorno ao comando do país.
Os jornais publicaram que a presidente mostrou-se com disposição e até algum otimismo quanto à possibilidade de reassumir seu mandato, revigorado nos últimos dias com a arrecadação obtida para pagar suas viagens através de um crowd funding (em tradução literal, “financiamento por multidão”), uma espécie de vaquinha pela internet também chamada de financiamento colaborativo.
Tudo isso é verdade.
O que não vazou do encontro é que Dilma e seu partido não estão os mesmas nas avaliações.
Os petistas veem como muito pequenas ou quase nulas as chances de Dilma reverter a tendência pela aprovação definitiva do impeachment no Senado. Acham que a tese da realização de novas eleições já não é capaz de mudar votos e que nem mesmo a perícia realizada pelo corpo técnico do Senado — segundo a qual Dilma não participou das pedaladas fiscais — foi capaz de mudar votos.
A avaliação da cúpula do PT vai mais fundo: mesmo que voltasse, Dilma já não teria mais condições de governar, por absoluta falta de confiança dos agentes políticos (inclusive o próprio PT) para fechar acordos com a presidente afastada.
A grande concordância na reunião foi de que o que pode mesmo tirar de Temer a Presidência da República é a Operação Lava Jato. Tanto na avaliação dos petistas presentes à reunião como da própria Dilma, novos fatos que venham à tona nas investigações contra os atuais ministros e até contra Temer pode inviabilizar o governo atual.
Um dos presentes, no entanto, alertou a presidente que isto só deve ocorrer depois da votação do impeachment, e que aí Temer só sairia do cargo no ano que vem.
“Essa é uma alternativa com que os nossos adversários estão trabalhando mesmo. Sem Temer, eles querem eleição indireta para presidente”, disse Dilma Rousseff.
É que, segundo a Constituição, havendo vacância do cargo de presidente da República após o segundo ano de mandato, são realizadas eleições indiretas do sucessor.