O governo aprovou, nesta madrugada na Câmara, a Lei de Responsabilidade das Estatais em meio a um clima de apreensão com o futuro depois que o Conselho de Ética aprovou o relatório pela cassação do ex-presidente da Casa Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Sentado no fundo do plenário da Câmara, o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), que é irmão do ministro-chefe da Secretaria de Governo de Governo, Geddel Vieira Lima, a todo instante era abordado por colegas com a mesma pergunta: “E aí, como vai ficar?”
“Não sei. Não tenho bola de cristal”, respondia impaciente, arrematando: “Acho que ele ainda vai ficar nessa história de recursos. E o caso só chega aqui no plenário daqui a uns dois meses.”
O deputado Carlos Meles (DEM-MG), que foi ministro do Turismo e Esporte no governo Fernando Henrique Cardoso, comentou: “Será que ele comete uma loucura?”
Lúcio suspirou…
Outro deputado especulou: “O pior para a gente e o governo será o Cunha fazer no plenário a mesma chicana que fez com o Conselho de Ética. Vai ser um desgaste junto à opinião pública.”
Vieira Lima não respondeu. Apenas respirou fundo.
De fato, o ex-presidente da Câmara já avisou que vai recorrer da decisão do Conselho de Ética junto à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). E há inúmeras possibilidades de recursos.
Essa é, de fato, a expectativa que causa maior tensão: como será a reação das ruas a uma nova chicana de Eduardo Cunha num momento em que o governo de Michel Temer precisa tanto da aprovação definitiva do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff quanto da aprovação de medidas duras de arrocho fiscal?
E como será isso tudo em meio aos boatos de que a mulher de Eduardo Cunha pode ser presa e ele decidir por uma delação premiada?