Às vezes o tiro sai pela culatra.
A capa da revista “Veja” desta semana foi o ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal.
A reportagem conta que o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro poderia incluir entre os investigados da Operação Lava Jato o ministro do STF, caso fechasse acordo de delação premiada com o Ministério Público.
Nas negociações para este acordo, Léo Pinheiro teria relatado que indicou engenheiros para analisarem um vazamento na casa de Dias Toffoli e uma empresa para fazer o serviço, o que acabou sendo pago pelo próprio ministro.
Pois bem, o jornal “O Globo” revela hoje que, por conta dessa reportagem, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, suspendeu as negociações para a delação premiada de Léo Pinheiro.
Janot desconfia de quebra de confidencialidade por parte do empreiteiro, que teria vazado o caso Toffoli apenas para forçar a aceitação do acordo de delação.
Sem acordo de delação, o grande beneficiado será o ex-presidente Lula.
Por quê? Porque o juiz Sérgio Moro divulgou no último dia 18 que a Polícia Federal concluiu o inquérito da Operação Triplo X indiciando uma série de pessoas, mas sem indiciar o ex-presidente Lula nem qualquer pessoa de sua família.
A Operação Triplo X apura a compra do tal triplex no Guarujá (SP), construído pela OAS e que se suspeitava ser de propriedade do ex-presidente.
Pois bem, depois que a PF não encontrou formas de indiciar Lula e sua família, a grande esperança dos adversários do ex-presidente era o acordo de delação premiada de Léo Pinheiro. Acreditava-se que ele acabaria apontando Lula como o proprietário do imóvel.
Mas agora que Janot suspendeu o acordo, as esperanças contra o ex-presidente se esvaem.
O caso do triplex foi o que resultou nas primeiras ameaças de prisão contra Lula. A outra ameaça surgiu com a delação do ex-senador Delcídio Amaral, que disse ter tentado comprar, a pedido do ex-presidente, o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró, envolvido na Lava Jato.
Delcídio também envolveu o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o senador Romero Jucá (PMDB-RR). Sua delação só resultará na prisão de Lula se Renan e Jucá também forem presos.