Aliados de Cunha já dão como certa a vitória. E agora, Temer?

Os aliados do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), já dão como certa a sua vitória, tanto no Conselho de Ética quanto na Comissão de Constituição e Justiça, se for mantida a estratégia de aprovar um relatório propondo a mera suspensão do mandato do deputado.

Somente o próprio Cunha pode alterar essa estratégia, se concluir que tem votos no plenário da Câmara pela sua absolvição. Mas seus aliados acham que, no plenário, ele não dispõe de maioria. Daí porque defendem aprovar a suspensão de mandato.

No Conselho de Ética, a contagem está 11 a 10 pró-Cunha, com o voto de Tia Eron (PRB-BA). Na CCJ a diferença também é apertada, mas estaria em 34 a 32 votos a favor Cunha, segundo levantamento de seus aliados.

A estratégia de trocar a cassação de mandato pela suspensão foi revelada aqui em Os Divergentes no dia 19 de abril pelo deputado Carlos Marun (PMDB-MS), um dos principais defensores de Cunha na Câmara (vide video acima).

Trata-se de derrotar o parecer pela cassação no Conselho de Ética, aprovando um parecer pela suspensão de mandato. Na CCJ, a ideia é aprovar um resolução segundo a qual cabe ao plenário votar pela aprovação ou rejeição dos relatórios do Conselho de Ética.

Portanto, ou o plenário aceita apenas suspender o mandato de Eduardo Cunha, ou será obrigado a não fazer coisa alguma.

Mais: no caso da suspensão, depois Cunha deve cobrar da Mesa Diretora que seja contabilizado o tempo em que ele está afastado do mandato por determinação do Supremo Tribunal Federal. Como se sabe, Eduardo Cunha também detém maioria na Mesa Diretora.

O problema todo dessa história é o povo. E qual as consequências que uma eventual reação popular teria sobre o governo Temer.

Muito provavelmente uma vitória de Cunha será vista como mais uma manobra dos políticos tradicionais, que comandam o Congresso, contra os interesses da população.

Não se sabe se isto ressuscitará o ambiente de descontentamento contra os políticos que resultou nas manifestações de rua de 2013. Se isto ocorrer, será péssimo para o governo atual, identificado como muito ligado aos principais caciques do Congresso.

Mas os aliados de Eduardo Cunha acham que não haverá grandes manifestações de rua. Identificam uma certa apatia demonstrada pelos últimos atos pró e contra o impeachment.

Bem, enquanto o Palácio do Planalto cruza os dedos, PPS, PSDB e DEM tentam outra estratégia: pelo menos garantir que Eduardo Cunha não volte a presidir a Câmara. Para isso, o presidente do PPS já apresentou um projeto de resolução declarando vago o cargo e abrindo espaço para a eleição de um novo presidente.

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