Em contagem de votos reservada para Os Divergentes sobre a disputa pela Presidência da Câmara, um dos maiores articuladores do governo no Congresso apontou o seguinte quadro:
Cinco candidatos partem com mais ou menos 80 votos cada, de um universo de 513 deputados. São eles Rogério Rosso (PSD-DF), Marcelo Castro (PMDB-PI), Rodrigo Maia (DEM-RJ), Esperidião Amin (PP-PR) e Fernando Giacobo (PR-PR).
Quem tem mais chances?
Nosso interlocutor responde: quem conseguir morder mais, no varejo, dos demais candidatos.
Hoje, há duas forças na Câmara com capilaridade nos diversos partidos e em condições de “morder” votos no varejo: o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o Palácio do Planalto.
O articulador governista jura de pés juntos que o Palácio não tem como entrar tanto assim na disputa, sob pena de sair queimado. É difícil, para quem conhece a política de Brasília, acreditar que haja uma eleição para presidente da Câmara sem interferência do governo. Mas sigamos em frente.
E quanto a Eduardo Cunha?
Bem, nosso interlocutor franze as sobrancelhas, dá de ombros e responde: “Não sei!”
O jeito foi ouvir algumas figuras chave dessa disputa.
Pelo PT, o ex-líder Paulo Teixeira diz a Os Divergentes que a bancada ficará entre a candidata do PSol, Luiza Erundina (SP), e Marcelo Castro, ao mesmo tempo candidato oficial e dissidente do PMDB. Mas dá para notar que a tendência dos petistas é descarregar votos no peemedebista, que tem mais chances de chegar ao segundo turno.
No PPS, o líder do partido, Rubens Bueno (PR), afirma que a decisão será tomada junto com os aliados PSDB, DEM e PSB. E os nomes são Rodrigo Maia e Julio Delgado (PSB-MG). Dá a entender certa preferência pessoal por Delgado. Mas o PSDB e o DEM de Rodrigo Maia têm mais peso nessa aliança.
E, pelo lado de Eduardo Cunha, um dos seus maiores defensores no Congresso, Carlos Marun (PMDB-MS), jura de pés juntos que o ex-presidente da Câmara já não tem tanta força assim.
De fato, Eduardo Cunha teve ontem mesmo seu recurso derrotado na Comissão de Constituição e Justiça. Mas conseguiu adiar regimentalmente a decisão, o que poderá levar para agosto a votação definitiva de seu processo de cassação em plenário. Ou para mais tarde, quem sabe.
Enfim, só depois da eleição do presidente da Câmara — no final da noite de hoje ou na madruga — saberemos a real força de Eduardo Cunha.
Se for um de seus aliados como Fernando Giacobo, Rogério Rosso ou Rodrigo Maia, é porque Eduardo Cunha ainda está forte. E terá um simpatizante sentado na principal cadeira do plenário com poder para ajudá-lo a adiar ao máximo a cassação.