A propósito dessa história de acordo geral entre as cúpulas partidárias para mudar as leis da delação premiada e do acordo de leniência, tudo indica que não há ambiente para mudanças imediatas.
Mais tarde, no entanto, é possível que os caciques voltem a se mexer. Principalmente depois que for aprovado definitivamente o impeachment da presidente da República afastada, Dilma Rousseff.
Além do vídeo acima, vale lembrar alguns trechos das conversas gravadas pelo ex-presidente da Transpetro Sergio Machado com o ex-presidente da República José Sarney (PMDB-AP) e com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Eles falam em mudar a lei de delação premiada e de uma medida provisória sobre acordo de leniência que o governo Dilma Roussef havia baixado para facilitar que empresas admitam culpa e possam voltar a fazer negócios com o setor público:
Machado – Outro caminho que tem que ter é a aprovação desse projeto de leniência na Câmara o mais rápido possível, porque aí livra o criminal, livra tudo.
Sarney – Tem que lembrar o Renan disso. Para ele aprovar o negócio da leniência.
Renan e Sarney conversaram também sobre proibir que pessoas presas façam delações premiadas.
Sarney – O importante agora, se nós pudermos votar que só pode fazer delação, é só solto.
Renan – Que só pode solto, que não pode preso. Isso é uma maneira sutil que toda a sociedade compreende que isso é uma tortura.
Em outra conversa com Sérgio Machado, em que foi discutida a delação de executivos da Odebrecht, o ex-presidente Sarney vai mais longe: cita uma tentativa de acordo geral para barrar a Operação Lava Jato.
Sarney – A Odebrecht (…) eles vão abrir, vão contar tudo. Vão livrar a cara do Lula e vão pegar a Dilma, porque (…) quem tratou diretamente sobre o pagamento do João Santana foi ela. Então eles vão fazer. Porque isso tudo foi muito ruim pra eles. Com isso, não tem jeito. Agora precisa se armar. Como vamos fazer com essa situação? (…) Vamos ter que fazer um acordo geral com tudo isso.
Machado – Inclusive com o Supremo. Com o Supremo, com os jornais, com todo mundo.
Sarney – Supremo… Não pode abandonar.