Empresas ocidentais, incluindo a brasileira Embraer, se instalaram na China para gerar empregos no país e com isso impedir a fuga de milhões de chineses para os países ocidentais. Lembro-me de um vaticínio sombrio proferido há uns 30 anos por um diplomata brasileiro: “O mundo terá de consumir bens de consumo chinês de qualidade ruim sob pena de eles se derramarem pela Europa e outros países do Ocidente”.
Hoje em dia a ameaça da invasão chinesa ficou no passado, mas não a atual onda de refugiados sírios, sudaneses, haitianos, líbios, venezuelanos e congoleses. Sâo 40 milhões de pessoas que abandonaram os seus países empobrecidos por guerras, ditaduras sanguinárias, perseguições étnicas ou religiosas e que pressionam diretamente países ricos da Europa e os Estados Unidos.
É preciso urgentemente executar uma ideia criativa e exitosa semelhante à adotada há anos em relação à China, atualmente a segunda economia mundial. As grandes potências, incluindo a própria China, precisam encontrar meios pacíficos para investir pesado abaixo do Equador para reduzir a pobreza africana e de países em guerra, gerando trabalho que reduza significativamente a fuga dessas massas humanas para países economicamente estáveis. É preciso manter estas massas humanas em seus próprios países e com um mínimo de dignidade! Simples assim.
Lembro-me do sociólogo italiano Domenico de Masi, em palestra dirigida a empresários curitibanos, afirmar que “no futuro um terço da humanidade não teria trabalho”. Ora, se a população mundial já é de pouco mais de 7 bilhões de pessoas, um terço significa algo em torno de 2,5 bilhões de indivíduos fora do mercado de trabalho. Masi disse ainda na mesma palestra que a maior geradora de empregos no mundo seria o entretenimento: cinema, turismo, eventos esportivos e o setor de prestação de serviços ao entretenimento.
A projeção do italiano já é uma realidade que leva países a eleger políticos de direita, contrários à recepção de populações refugiadas. A Itália fecha as suas fronteiras, os Estados Unidos de Trump abandonam o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas e separam filhos de refugiados de seus pais, presos como criminosos em penitenciárias do país.
Pessimistas já projetam uma Europa de minoria branca e maioria muçulmana no futuro, se nada for feito em relação à maciça migração de refugiados. Além da queda da natalidade no país, a Alemanha já anuncia, preocupada, um aumento de 10% na criminalidade, após receber quase um milhão de refugiados. A França e a Inglaterra, colonialistas, além de enfrentarem o mesmo problema alemão, também sofrem com atentados terroristas de minorias, que colocam sob suspeita os refugiados políticos.
No Brasil de 12 milhões de desempregados, a nossa classe média educada em universidades emigra para Portugal, Austrália, EUA e Canadá , em busca de melhores condições de vida, enquanto o país recebe ondas de venezuelanos e haitianos sem perspectivas.
A verdade é que a solução não é o fechamento de fronteiras e nem o aumento de investimentos em repressão. A bolha está prestes a estourar.
Sérgio Garschagen é jornalista