O “julgamento do ano” começou como o vídeo taipe de um jogo já assistido, onde já se sabe, de antemão, que não haverá nenhum gol contra aos 45 do segundo tempo. Começando pelo relator João Pedro Gebran Neto, o trio do qual fazem parte ainda Leandro Paulsen e Victor Laus, passará as próximas horas fazendo tabelinha para condenar Lula, possivelmente a uma pena maior do que a fixada por Sérgio Moro. Gebran Neto, por sinal, não precisou de muito tempo para, no meio do voto, antecipar sua decisão. Para ele, é possível afirmar que houve corrupção no chamado “caso do triplex de Lula”. O relator viu “prova acima do razoável” de que Lula foi articulador do esquema na Petrobras. É o que basta. O resto é confete.
O advogado-quixote Cristiano Zanin seguiu apontando sua lança para a fragilidade das alegadas provas no caso do triplex do Guarujá e para a politização do caso. Queria a nulidade do processo, o que não conseguirá do trio de Porto Alegre. A acusação fez exatamente o contrário, sustentando a solidez de suas provas e sequer disfarçando o seu viés político. “Lamentavelmente, Lula se corrompeu”, disse o procurador Maurício Gotardo Gerum, alegando que o ex-presidente tinha conhecimento do esquema de corrupção na Petrobras, que serviria para a “perpetuação de um projeto político pessoal”. A lógica do MPF é cartesiana: se o presidente nomeou os diretores da estatal que engendraram o esquema junto com o clube das empreiteiras, Lula sabia de tudo.
Lula acompanha o julgamento no Sindicato dos Metalúrgicos em São Paulo, enquanto atos de apoio ao ex-presidente começam a ganhar volume país afora. E também movimentos contra Lula, patrocinados pelos MBLs de sempre. “O povo brasileiro estava anestesiando. Agora está acabando o efeito da anestesia e está descobrindo que não fizeram uma cirurgia para melhorar”, discursou Lula, vestindo vermelho.
No trending topics mundial do Twitter, o julgamento de Porto Alegre está bombando: “TRF-4” está no topo e “Lula” em sexto lugar entre os assuntos mais tuitados.