– Vamos tratar só do necessário. Vamos respeitar o nosso trabalho aqui.
– Eu respeito mas manda este lixo janela abaixo aí.
– Pessoal, a frequência é gravada e pode ser usada contra a gente. Então, mantenham a fraseologia padrão, por gentileza.
– Leva e não traz nunca mais.
Áudios de conversas entre a cabine do *fusca* Cessna Caravan que transportou Lula entre São Bernardo do Campo e Curitiba, e conversas truncadas no percurso
– Sejam bem vindos à bordo. Observe o número de seu assento no cartão de embarque. Por medidas de segurança, acomodem as bagagens de mão nos compartimentos acima de seus assentos e as que não couberem abaixo da poltrona a sua frente. É proibida a utilização a bordo de qualquer aparelho eletrônico emissor de energia eletromagnética, principalmente telefones celulares que deverão permanecer desligados.
O speech inicial do Comandante, em qualquer voo, é um clássico. As conversas posteriores na cabine ao logo do percurso São Bernardo do Campo-Curitiba, na noite de sábado, 07/04, fora do contato padrão com a equipe em terra, foram vazadas e têm a gravidade de uma caixa preta aberta após um incidente aéreo. E mostram o tamanho do buraco em que se meteu esse país.
Pelo inédito da cena, acabou tornando-se público – o que se interessa por isso – o que aconteceu na cabine do monomotor (!) PR-AAC que conduziu um ex-presidente da República, Lula, preso, de São Bernardo do Campo para Curitiba. Não houve registro de turbulências, exceto pelos inacreditáveis – mas verdeiros- diálogos truncados vazados da cabine. “Leva e não e traz nunca mais”, disse possivelmente um operador de voo ao piloto que conduzia o ex-presidente no avião da Polícia Federal para Curitiba. Este áudio foi divulgado por sites, como o R7, mas o Jornal do Brasil teve acesso a outro, em que uma voz masculina, vinda de algum ponto, diz: “manda este lixo janela abaixo aí”. Os áudios, definiu Tereza Cruvinel no JB, mostram “a extensão e a força da doença que castiga o Brasil, o antipetismo que espalha ódio e subtrai ao país qualquer possibilidade de pacificação política no médio prazo”.
Por meio de nota, a FAB, a Força Aérea Brasileira, confirmou ao portal R7 que a conversa ocorreu instantes antes da decolagem da aeronave que levava o ex-presidente e que a frase não foi dita por um controlador da torre. No entanto, a FAB não soube informar se tratava-se de um piloto. Nem informou se irá investigar e identificar os responsáveis por impropriedades tão graves numa operação de alta responsabilidade.
“Podemos assegurar que a observação ao final do áudio em questão não foi feita pelo controlador de tráfego aéreo. Ressalva-se que a frequência utilizada para essas comunicações aeronáuticas é aberta, por isso quem estiver conectado pode ouvir e falar. Porém, as regras de tráfego aéreo orientam que os usuários se identifiquem, o que evidentemente não ocorreu neste caso”, afirmou a FAB. Querendo, entretanto, a FAB tem todos os meios para identifica-los
Ah, Lula foi levado para Curitiba em um precário monomotor Cessna Caravan. “É o Fusca do céu”, definiu um policial. Faz sentido.