O Facebook retirou do ar nesta quarta, 25, uma rede de páginas e contas usadas para divulgação de notícias falsas por membros do grupo ativista de direita Movimento Brasil Livre, o MBL, como parte dos esforços para reprimir perfis enganosos antes das eleições de outubro. O Facebook disse em um comunicado que desativou 196 páginas e 87 contas no Brasil por sua participação em “uma rede coordenada que se ocultava com o uso de contas falsas no Facebook, e escondia das pessoas a natureza e a origem de seu conteúdo com o propósito de gerar divisão e espalhar desinformação”. O comunicado não identifica as páginas ou usuários envolvidos, mas, segundo fontes da Reuters, a rede era administrada por membros importantes do MBL.
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As páginas desativadas, que juntas tinham mais de meio milhão de seguidores, variavam de notícias sensacionalistas a temas políticos, com uma abordagem claramente conservadora, com nomes como Jornalivre e O Diário Nacional, de acordo com as fontes. Ao deturpar o controle compartilhado das páginas, os membros do MBL eram capazes de divulgar suas mensagens coordenadas como se as notícias viessem de diferentes veículos de comunicação independentes, de acordo com as fontes. O Facebook tem enfrentado pressão para combater as contas falsas e outros tipos de perfis enganosos em sua rede. No ano passado, a empresa reconheceu que sua plataforma havia sido usada para o que chamou de “operações de informação” que usaram perfis falsos e outros métodos para influenciar a opinião pública durante a eleição norte-americana de 2016, e prometeu combater as fake news.
O próprio MBL assume que são eles o alvo. Pelo Twitter, o grupo diz que o Facebook “já ligou para alguns coordenadores para oferecer conselhos de marketing e (que) agora excluiu esses mesmos coordenadores acusando-os de serem perfis falsos”. De acordo com o movimento, o Facebook acaba de banir da plataforma diversos coordenadores “sem explicação nenhuma”.
Há alguns dias, Os Divergentes vem mostrando que, às vésperas das eleições de 2018, o MBL não tem perspectivas reais de aumentar a bancada multipartidária em que se dividem seus militantes.
Eles pretendiam eleger 15 deputados, mas isso parece mais que improvável. Kim Kataguiri e Arthur do Val, codinome “Mamãe Falei” – um youtuber tosco que vive de pegadinhas malandras – vão tentar uma vaga na Câmara. O vereador Fernando Holiday, outro líder do grupo foi eleito vereador em 2016. Todos são candidatos pelo DEM – o que na prática os torna hoje sócios de Geraldo Alckmin e do Centrão. O MBL não consegue se acertar com um candidato nas eleições presidenciais. Começou apoiando Flávio Gurgel Rocha, dono da Riachuelo, que desistiu. Depois flertou com o Partido Novo do milionário João Amoêdo, mas isso gerou uma rebelião interna, liderada por Renan Santos, auto-intitulado coordenador nacional da entidade.
O movimento viveu seu apogeu entre o final de 2014 e 2016, servindo de massa de manobra para o PSDB e para a Fiesp, promovendo protestos a favor do impeachment de Dilma Rousseff- como o Vem Pra Rua. Ultimamente tem aparecido na mídia de forma negativa. A ministra Rosa Weber, que comanda o TSE, negou um pedido midiático do movimento para barrar a candidatura de Lula. Queriam que Lula, pulando todas as etapas legais, fosse declarado logo inelegível. A outra tentativa desesperada do MBL de surfar na mídia veio na onda de mais um destempero verbal de Ciro Gomes, pré-candidato do PDT, que chamou o vereador Fernando Holiday (DEM-SP), o rosto mais conhecido do MBL, de “capitãozinho do mato”. Holiday, que é contra, por exemplo, a política de cotas nas universidades, encheu-se de brios e mostrou-se ofendido. Viu racismo na frase. Logo ele. Ciro não se deu por satisfeito. Em uma rádio, chamou a patota do MBL de “delinquentes juvenis”.