Eleições 2018: mais uma ensurdecedora pesquisa coloca Lula na frente

Foto: Ricardo Stuckert

Bum! Bum! Bum! Lula na frente em nova pesquisa eleitoral. O bumbo bateu mais uma vez na tarde deste sábado, 02/12, ecoando um som repetitivo nos tímpanos dos três cabeças grisalhas da 8ª turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, de Porto Alegre. Leandro Paulsen, Victor Luiz dos Santos Laus e João Pedro Gebran Neto, do TRF-4, vão ouvir mais algumas dezenas de vezes, até outubro de 2018, o som grave e seco vindo de diferentes institutos de pesquisas – ou pelo menos até que julguem a sentença do juiz Sérgio Moro, que em primeira instância condenou o líder nas pesquisas por corrupção. Mas se é certo que as pancadas no couro chegam até os ouvidos dos magistrados, não se sabe ao certo se isso os comove ou irrita. Algum deles pode ter desenvolvido, após algum tempo, uma misofonia eleitoral.

O Datafolha bateu no mesmo ritmo: Lula segue fortalecendo sua liderança, especialmente entre mais pobres, menos escolarizados e moradores da região Nordeste. O petista também ganha em todos os cenários de segundo turno. Ampliou em quatro pontos percentuais sua vantagem, em relação à pesquisa feita no fim de setembro, no confronto com Geraldo Alckmin (52% a 30%), Marina Silva (48% a 35%) e Jair Bolsonaro (51% a 33%).

Como se sabe, o trio Paulsen, Laus e Gebran Neto é única coisa entre Lula e 140 milhões de eleitores. Como o PT certamente recorreria de uma condenação, o partido acredita ser possível mantê-lo na disputa pelo menos até o primeiro turno. Então, o bumbo está longe de parar. Espera-se, com isso, criar uma espécie de fato consumado da permanência de Lula, gerando um desconforto com qualquer ação no “tapetão”.

Como houve alterações em cenários, só é possível comparação com levantamentos anteriores nas simulações de intenção espontânea de voto no primeiro turno e estimuladas no segundo. Luciano Huck saiu – ou deu um tempo, já que na próxima segunda-feira volta a se reunir com membros do grupo Agora! -, Alckmin se consolidou como o candidato do partido, devendo assumir a presidência da agremiação no dia 9, e o deputado Jair Bolsonaro segue mordendo o segundo lugar, levado por seu eleitorado hidrófobo.

Em um cenário com Michel Temer, Joaquim Barbosa, Ciro Gomes e Henrique Meirelles, ministro da Fazenda que já declarou querer ser presidente, Lula, o líder, teria 34% dos votos, e Bolsonaro 17%. Marina Silva, com 9%, aparece numericamente acima do pelotão encabeçado por Alckmin, 6%, e Ciro, 6%, mas tecnicamente empatada com ambos. Quando a intenção de voto é questionada sem apresentação de nomes, Lula surge com 17% das citações e Bolsonaro, com 11%. Todos os outros pontuam de 1% para baixo. O “ninguém” tem 19% e não sabem afirmar em que candidato votariam, 46%.

A candidata da Rede oficializou neste sábado, 2, o que todo mundo já sabia: que vai tentar pela terceira vez não morrer nos igarapés. Claro, para tomar decisão tão grave, passou por um “ciclo de reflexão”.Afinal, a Rede terá apenas 12 segundos de aparição no horário eleitoral gratuito. Como é um partido novo, não elegeu deputados em 2014, critério usado na repartição do fundo partidário. Mais interessante que o discurso repetitivo de Marina foi uma carta lida antes, repleta de críticas ao atual governo e à ação política do “conluio”. O documento também condena as reformas.

Bolsonaro, por sua vez, não voltou a estimular matança por policiais, mas prometeu uma chave de braço no grupo Globo. Em um vídeo publicado em seu perfil no Facebook, o deputado-capitão afirmou que, caso seja eleito presidente, irá reduzir verbas publicitárias do grupo. “Vocês aí têm uma audiência de 40%, do ‘Globo’. Mas pegam 80% da propaganda oficial do governo, que em grande parte, sustenta a mídia. Se eu chegar lá, vou fazer justiça, vão perder metade disso, vão ganhar só 40%”, prometeu.

Já Temer, também citado na pesquisa, e que aparece com apenas 1% – mesma pontuação do seu ministro Henrique Meirelles – participou ao lado de Alckmin de evento do Minha Casa, Minha Vida, na cidade paulista de Limeira. Temer disse que o desembarque do PSDB do governo será uma “coisa cortês e elegante”. Caso isso se confirme, será o único momento sofisticado desta pré-campanha.

Deixe seu comentário