Com a prisão de Lula assegurada pelo juiz Sérgio Moro, por determinação do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) – 12 anos e 1 mês de prisão, com início em regime fechado -, está aberta a temporada de torpezas contra o ex-presidente. Afinal, garantida sua saída da eleição presidencial, não bastará prendê-lo, encarcera-lo, ainda que dure o tempo suficiente para algumas imagens para o Jornal Nacional. Algemas, por enquanto, estão vedadas, mas não faltarão flashes, em ângulos privilegiados, do ex-presidente conduzido pelos touros da Federal. Quem sabe algum ninja com rabo de cavalo e corpo sarado. Dentro da cadeia, tudo é possível. Lula de cabeça raspada, por que não? – fizeram isso com o ex-governador Sérgio Cabral e com o empresário Eike Batista. Uniforme laranja. Fotos vazadas do banho de sol. O cardápio da primeira refeição na marmita de alumínio. Os companheiros de cela. Mas tem quem queira ir mais longe.
No país do ódio de classes, da ira visceral, da Pretória latina que nos tornamos, um vídeo que circula na internet, protagonizado pelo empresário do ramo de prostituição Oscar Maroni, dono da boate Bahamas, ponto final da noite da elite paulistana, sintetiza a terra arrasada do bom senso nacional. Maroni, pasme – você ainda se choca mesmo com algo? – ofereceu nada menos que um prêmio para quem matar Lula na prisão. Chope para todos. Um amigo provoca e Maroni, com o que parece ser uma roupa de presidiário ou um pijama muito estranho, vai mais longe.
“Se o Lula for preso, a cerveja é de graça até a meia noite. Agora, se matarem ele na prisão, a cerveja vai ser de graça durante o mês inteiro”, anuncia. “E se a morte for com requintes de crueldade?”, pergunta o amigo .“Aí eu dou meu rabo”. Em março de 2016, época da condução coercitiva de Lula, Maroni ofereceu acesso vitalício na sua boate ao juiz Sergio Moro.
Em algum momento esse país se perdeu. E não foi por revolta popular. Foi por um grito de independência da elite. Com Congresso, com Supremo, com Exército, com tudo.
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