Boto Tucuxi x Jeca Tatu

Geraldo Alckmin e Arthur Virgílio, Foto Orlando Brito

A pax tucana está longe de virar realidade. Ainda que Luciano Huck, o queridinho do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, tenha pisado fora do tatame. E que Arthur Virgílio, o prefeito manauara, diga, agora, que está fora das prévias. É que Virgílio, o Boto Tucuxi da disputa, não ia se jogar assim na rede. Contam os pescadores que os botos, quando os navios de pesca jogam suas malhas, chegam bem perto da embarcação, põem a cabeça fora d’água e passam um tempão olhando para os marujos, mirando sua impotência em fisga-los. Virgílio desistiu da disputa, mas não saiu de cena. Fez de Alckmin, afinal, o candidato único – o partido se preparava para realizar as prévias em março e Alckmin para se desincompatibilizar do Palácio dos Bandeirantes em 7 de abril para começar oficialmente a campanha -, mas não um candidato incontestável.

Aos jornais, Virgílio disse que saiu para não participar de uma fraude. É como ele se refere à candidatura à fórceps de Alckmin, imposta pela cúpula sem ouvir a militância.”Eles (caciques tucanos) pensam ainda que são melhores, como se fossem de certa elite política brasileira, algo que colocaram na cabeça e não querem tirar”, criticou. Virgílio se referiu a Alckmin simplesmente como “cínico, dissimulado e raso intelectualmente”. Poucos inimigos políticos foram brindados com tanta raiva.

O prefeito de Manaus deixa a disputa um dia depois do PSDB anunciar que a eleição interna seria realizada no dia 18 de março com um debate entre os pré-candidatos no dia 14, realizado na sede do partido, em Brasília, transmitido pela internet. “É muita pretensão você achar que exaure a discussão de um projeto para o Brasil com um debate. Geraldo assumiu todo o seu lado de mediocridade, o lado de uma pessoa limitada”, afirmou Virgílio. “Até as piadas que conta são meio jeca”, ironizou.

Virgílio não deixará o PSDB. E seguirá azucrinando o agora candidato único. Enquanto deixarem. Aos jornais, afirmou que não tem “vontade nenhuma” de ajudar na campanha presidencial de Alckmin e não descarta, como consequência das duras críticas, ser expulso da legenda. “Já que não expulsam os ladrões do PSDB, quem sabe não me expulsam?”, ironizou. Como se vê, cachimbo da paz é algo que não vai entortar a boca de Virgílio. Que seguirá dando baforadas na cara do jeca tucano, lembrando-lhe que não é consenso nem dentro de casa.

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