Uma lágrima para Orlando Brito

Nesta breve crônica, o autor relembra com saudades visita de Orlando Brito ao Recife

Orlando Brito posa na galeria do Senado Federal, em Brasília

Amigo pessoal querido de tantas conversas e tantas alegrias na noite de Brasília, Orlando Brito se foi na madrugada desta sexta, 11 de março, aos 72.

Escrevo, atônito e surpreso, com a alma dilacerada pela figura mais que linda que ele era. Um profissional exemplar, um pai e um avô dedicado e um coleguinha muito mais que querido.

Tive a oportunidade de trazê-lo para um evento que fiz aqui no Recife, há 5 anos. Seria sua última viagem ao Nordeste, que tanto fotografou e tanto gostava.

Economista Tânia Bacelar, da CEPLAN Consultoria Econômica e Planejamento – Foto: Reprodução
Jornalista Tales Faria, que atuou n’Os Divergentes, hoje chefia o UOL News em Brasília

Ele fez uma palestra sobre algumas de suas histórias num debate realizado pela Facto Comunicação, e que contou com a participação de outro craque, jornalista Tales Faria, do UOL News e ex-integrante da equipe d’Os Divergentes, do advogado e cientista político Melillo Dinis, e da ex-secretária da Fazenda e uma das mais respeitadas economistas do Brasil, Tânia Bacelar, além do ex-ministro e ex-governador do DF, Cristovam Buarque.

Depois do evento, reuni os palestrantes e alguns poucos convidados para um jantar reservado, aqui em casa, no Recife. E adivinha só o que aconteceu?

Somente quem não apareceu foi o “sacana”, com sua absoluta timidez. Provocado por mim, no dia seguinte, ele me contou que foi “caminhar” pelas ruas na noite de nossa bela cidade. Não podia ter feito coisa melhor.

Brito era assim, meigo, doce, tímido e gênio. Ano passado, nos falamos sobre uma exposição que gostaria que ele fizesse na Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) com suas melhores fotos.

Brito e sua inseparável indumentária. No caso, uma de suas Leicas

Ele capturou, com sua Leica, os últimos 50 anos de nossa história como ninguém. Nos finais de semana, saía para visitar os colegas que já tinham deixado o “batente”.

Alguns deles moravam nas cidades satélites de Brasília, mas lá estava ele contando piadas, relembrando fatos e, o mais genial, perguntado se poderia ajudar em alguma coisa que o coleguinha, por acaso, estivesse precisando.

É mais um dos bons que se vai muito, mas muito cedo.

Que chato está ficando esse mundo.

* Ricardo Antunes é jornalista e atuou nas principais redações do Recife e Brasília

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