Há um ano, o primeiro projeto de lei de gastos emergenciais com o coronavírus foi transformado em lei nos Estados Unidos.
Milhões de americanos se divorciaram de Donald Trump e evitam a menção do nome do 45º presidente.
Mas desviar o olhar do último comandante-chefe só seria possível se o ex-presidente tivesse passado o bastão de seu partido político e não falasse em conferências que apresentam uma estátua de ouro moldada em sua imagem.
Trump não está seguindo em frente, não importa se a maioria dos eleitores pensam que ele não é mais um importante elemento na política americana.
E não é apenas sua influência política tóxica que persiste: como vários observadores apontam, o ex-presidente está deixando um legado real que ameaça minar a democracia ao colocar o direito de voto em risco.
A história do racismo ontem e hoje confunde-se com a história do partido republicano.
Governos controlados por republicanos em vários estados estão aproveitando a “Grande Mentira de Trump” de que a eleição de 2020 foi roubada a fim de restringir ainda mais o acesso às urnas, algo que eles vêm conseguindo gradativamente desde que receberam luz verde da Suprema Corte em 2013.
Na verdade, o tribunal ouviu recentemente uma contestação apresentada pelos republicanos do Arizona à parte restante da Lei de Direitos de Voto; em resposta, o respeitado “The New York Times”, em editorial, implorou aos juízes que não jogassem fora o que restou da lei que começaram a eviscerar em 2013.
Essa perspectiva de anos é importante, porque não se trata apenas do controle cultuado de Trump sobre o Partido Republicano. O ex-vice-presidente Mike Pence – um dos vilões visados pela multidão do Capitólio de 6 de janeiro – continua a fazer o trabalho sujo do ex-presidente ao publicar um artigo esta semana elogiando as legislaturas estaduais com foco na “integridade eleitoral.”
Vale a pena apontar que Pence é, acima de tudo, um republicano estabelecido, e por mais que esteja perpetuando a “Grande Mentira” de seu ex-chefe, ele também está dando continuidade ao trabalho de supressão eleitoral do partido republicano, que antecedeu Trump.
Tirar o direito de votos da comunidade negra
Os direitos de voto estão sob ataque em todo o país à medida que os estados aprovam leis de supressão de eleitores. Essas leis acarretam encargos significativos para os eleitores qualificados que tentam exercer seu direito constitucional mais fundamental.
Desde 2008, estados em todo o país aprovaram medidas para tornar mais difícil para os americanos – principalmente negros, idosos, estudantes e pessoas com deficiência – exercer seu direito fundamental de votar. Essas medidas incluem cortes nas votações antecipadas, leis de identificação do eleitor e expurgos de listas de eleitores.
Apesar da mudança de governo, o clima não se desanuviou nos Estados Unidos, principalmente na capital americana e estados controlados por republicanos.