A renúncia da líder do SPD (Partido Social-Democrata), Andrea Nahles, deixa a chanceler Angela Merkel cada vez mais enfraquecida no cargo a poucos meses das eleições regionais em três estados localizados na parte oriental do país. Além da liderança do partido, Nahles também renunciou ao seu mandato de deputada no parlamento alemão.
O Partido Social Democrata sofreu sua maior derrota na eleição para o Parlamento Europeu ocorrida há pouco mais de uma semana. Recebeu apenas 15% dos votos dos alemães – abaixo dos Verdes, que obtiveram 20%. E a situação pode piorar. Pesquisas recentes informam que o SPD obterá apenas 12% dos votos nas eleições regionais alemãs.
Sem prestígio, sem cargo
Ao renunciar, Andrea Nahles – a primeira mulher a liderar o SPD – reconheceu que já não tinha apoio do partido para exercer sua liderança. Essa é a praxe nos regimes parlamentaristas onde a perda de prestígio do líder é motivo suficiente para que ele renuncie, tanto ao cargo, como ao mandato, antes que a bancada o faça.
Imagine isso acontecendo no Brasil.
A saída de Nahles deixa a chanceler Angela Merkel em situação delicada. Ela era a garantia da coalizão política entre os dois principais partidos políticos alemães há pelo menos cinco anos. A ala mais a esquerda do SPD nunca aceitou essa aliança pois temia, com razão, que o partido perdesse seu eleitorado, principalmente para o partido Verde, o que de fato vem acontecendo.
Há intensas discussões entre os sociais-democratas para deixar o governo de Merkel, o que seria o fim do reinado da chanceler, cujo mandato deveria se extinguir em 2021. Deputados do SPD estavam planejando tomar uma decisão em setembro, um mês antes das eleições nos estados da antiga Alemanha Oriental, mas o desempenho no último pleito para o Parlamento Europeu precipitou a renúncia de Andrea Nahles e o debate interno para abandonar Merkel.
* Luís Eduardo Akerman é jornalista e analista de política exterior. Ex-editor de Internacional do Jornal de Brasília.