Paulinho, a cara da “boa política” que ofertam a Bolsonaro

Deputado Paulo Pereira da Silva. Foto Orlando Brito

No Primeiro de Maio, o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (Solidariedade-SP) entregou o jogo do establishment político: não permitir a reeleição do presidente Jair Bolsonaro, ou seja, não deixá-lo governar. Para isso, a economia de R$ 1,2 tri na Reforma da Previdência teria que se reduzir para R$ 600, 500 bi.

Naturalmente, não deixar o presidente governar sem compartilhar o bônus com o que ele chama de “velha política” – e, pela declaração de Paulinho, com razão. Se montasse, com cargos e recursos, uma coalizão, todos poderiam caminhar com ele pela reeleição.Ocorre que quem ganhou com 9 segundos na TV e sem ir a debates faz pouco caso de máquinas como organizada em torno de Geraldo Alckmin.

Não dá para dizer que os problemas na tramitação da PEC 6|2019 sejam da ordem da “articulação política”. Interpretando Paulinho, existe uma conspiração em curso contra o presidente, com a desestabilização proposital de sua gestão eleita com 57 milhões de votos e que, pasmem, vem promovendo uma verdadeira revolução democrática ao estabelecer, na prática, a divisão entre os poderes do Executivo e do Legislativo.

Presidente Jair Bolsonaro grava fala no Dia do Trabalhador. Foto: Alan Santos/PR

Com a outra mão, sem o “politiquês” da demagogia centrista, foi à TV defender o liberalismo como solução individual para a classe trabalhadora em condições sociais adversas, por meio do empreendedorismo e do esforço próprio que teriam embasado a MP da Liberdade Econômica, cerne de sua mensagem. Um exemplo até para Dilma Rousseff, que não dizia nada para a base dela enquanto a promessa de proteger empregos e salários escorria pelo ralo do Centrão rearticulado por Eduardo Cunha.

Mas o pior do discurso de Paulinho, que dá os exatos contornos da conspiração,foi quando disse que “acha que é bom” que Bolsonaro seja derrubado pelos militares (um delírio do establishment político, que não entende a semiótica do “policial bom” x “policial mau”). A conspiração tem prazo nas palavras do chefe sindical: “Eu particularmente acho que ele não chega ao final do ano”. E arrematou com a “filosofia política” que reina em Brasília: “Se você tem um presidente ruim, você troca e é possível fazer crescimento.”. Não dá para ser mais golpista. E não o são a troco de ideias, mas de cargos e recursos.

Eles tem o “direito ao toma lá dá cá” e a jantares oficiais para apresentarem suas demandas. É o que se chama do Planalto Central de “boa política”, “fazer política” etc.

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