Os piores do mundo

Bolsonaro e o primeiro escalão de seu governo - Foto Orlando Brito

O ministério do capitão recende as fossas sépticas. Não é apenas o mais incompetente do mundo, exala uma fedentina indigente, odores característicos do governo. Algumas impurezas e detritos desse esgoto administrativo, humanitário e político vão sendo expelidos pelo ralo criterioso da história democrática. Dejetos desprezíveis que intentaram entupir a normalidade da vida brasileira, alagar o funcionamento das instituições e empoçar a democracia em uma lama autoritária, golpista, criminosa e corrupta. As vísceras dos bueiros de Bolsonaro vão sendo expostas por corrupções indesmentíveis, rixas de quadrilhas, enfrentamentos com a prole problema ou flatulências irrespiráveis. Sem qualquer paralelo na história, os ministros de Bolsonaro são podres. Nunca são demitidos por incompetência ou malversação, apenas despejados por conveniência.

Ricardo Salles foi carcomido pela corrupção. O ex-Turismo foi passear antes pela mesma razão. A lei da selva não permite demitir filhos, então os ministros vão sendo oxidados. Salles foi um exterminador de florestas, inimigo do meio ambiente. Sua passagem desastrosa pela pasta foi fuliginosa. Além do aumento da devastação das florestas, promiscuidade com madeireiros e garimpeiros, notabilizou-se pela metáfora bovina na licenciosa reunião ministerial de 22 de abril de 2020. Sugeriu ao rei do gado que o governo abrisse a cancela para “ir passando a boiada” e flexibilizar regras ambientais enquanto a pandemia monopolizava as atenções. Salles desmontou os mecanismos de fiscalização com o propósito de tornar o meio ambiente em um pasto privado dessa gestão “biodesagradável”.

Salles, garroteado, foi enviado direto ao abatedouro. Decidiu sair, de fininho, como uma flatulência silenciosa e envergonhada que empesteia o meio ambiente. Por ora, teve o passaporte apreendido e evitou a cadeia. Não pode fugir como Abraham Weintraub, homiziado pelo capitão em um posto bem remunerado nos EUA e longe dos tentáculos da Justiça, por enquanto.

Membro de um governo que arrota ter acabado com a corrupção, ele é alvo de um inquérito, autorizado pelo STF a pedido da PGR, por ter interferido nas investigações sobre a maior apreensão de madeira da história. A PF sustenta que Salles participou de um esquema de contrabando ilegal. Uma decisão do ministro Alexandre de Moraes quebrou o sigilo dele por “movimentação extremamente atípica” de R$ 14,1 milhões. A investigação contra Salles acarretou o afastamento do superintendente da PF no Amazonas que apenas cumpria seu dever funcional. Manobra típica de governos fascistas, insuficiente para abafar a história.

Abraham Weintraub, à exemplo do comparsa no Meio Ambiente, era contra o que deveria proteger. Foi o ministro da antieducação. Foi expelido pela descarga após disseminar odores nauseabundos. “Eu, por mim, botava esses vagabundos todos na cadeia. Começando no STF”. O Racismo e xenofobia, essências obrigatórias da latrina governista, não falham: “Geopoliticamente, quem podeLá saiL foLtalecido, em teLmos Lelativos, dessa cLise mundial? PodeLia seL o Cebolinha? Quem são os aliados no BLasil do plano infalível do Cebolinha paLa dominaL o mundo? SeLia o Cascão ou há mais amiguinhos?”, excrementou Weintraub, em uma publicação apagada posteriormente. Graças a essas e outras titicas o Brasil padeceu com atraso de insumos das vacinas e muita gente morreu desnecessariamente.

Abraham Weintraub – Foto Orlando Brito

No final de maio de 2020, três dezenas de empresários, políticos e blogueiros que boiam na cloaca bolsonarista foram alvos de busca e apreensão no inquérito das fake news. Weintraub comparou o episódio à ‘Noite dos Cristais’ nazista. Apesar do sobrenome, banalizou o genocídio mais aterrador da humanidade, onde mais de 6 milhões de inocentes foram exterminados. No início da gestão à frente do MEC boicotou as universidades. Em abril de 2019, o ministro queria cortar verbas de três federais por promoverem “balbúrdia”.

Mais tarde, o contingenciamento de verbas atingiu todas as instituições. Os estudantes chacoalharam a ruas. Ao lado do capitão, Weintraub tentou explicar o inexplicável sobre o contingenciamento usando chocolates, nenhum da fantástica fábrica de Flávio Bolsonaro. Fez a conta errada, apesar de se anunciar economista, de currículo medíocre.

Durante uma entrevista, o ministro afirmou que as universidades federais do Brasil possuem plantações extensivas de maconha a ponto de precisar de borrifador de agrotóxico. “Você tem plantações de maconha, mas não são três pés de maconha, são plantações extensivas de algumas universidades, a ponto de ter borrifador de agrotóxico”. Íntimo das metáforas medíocres, assim como o Salles da boiada, bateu boca com um interlocutor na internet sobre a monarquia que, obviamente, professa. “Se voltarmos à monarquia, certamente você será nomeado bobo da corte”.

O ministro respondeu: “Uma pena, prefiro cuidar dos estábulos, ficaria mais perto da égua sarnenta e desdentada da sua mãe”. A falta de educação ficou evidente em sucessivos erros de ortografias e outras confusões mentais. “Durante oito meses eu fui investigado, processado e julgado num processo inquisitorial e sigiloso. Que eu saiba, só a Gestapo fazia isso. Ou no livro do cafta ou na Gestapo”. Impulsionado por um parvo, o “Processo” de imbecilização do Brasil não seria compreendido nem mesmo por Franz Kafka. De Gestapo eles entendem.

Bolsonaro e seu ministro da Saúde, Pazuello

Eduardo Pazuello é a alegoria maior da vergonha, da incompetência, do genocídio, do cinismo e do despudor. Sabe-se, agora, é também era o ministro na contratação suspeitíssima de R$ 1,6 bi de uma vacina superfaturada, em tempo recorde, sem testes, nunca entregue e com todas as digitais do Palácio e seu líder Ricardo Barros. O despreparo do general pode ser verificado pelos números da pandemia. Quando passou a usar o banheiro privativo do MS, em 15 de maio de 2020, eram 14,8 mil mortes e 218 mil casos de infecção.

Depois de gastar muitos rolos do papel higiênico, passados 10 meses, em 24 de março de 2021, eram 301 mil óbitos e 12,2 milhões de casos. Em Manaus, o desabastecimento de oxigênio matou brasileiros asfixiados. Mais de 170 milhões de doses do imunizante da Pfeizer e do Butantan foram desprezados pelo mesmo governo que comprou a quantidade mínima da OMS (42 milhões de doses). Enquanto isso Bolsonaro foi atrás de 20 milhões da Covaxin. Seria o tal “pixulé” mencionado pelo Pazuello quando limpou a tampa no MS pela última vez?

Em 08 de janeiro de 2021, quando ignorava as 170 milhões de doses ofertadas pela Pfizer e Butantan, Bolsonaro, curiosamente, enviou uma carta ao primeiro-ministro da Índia pedindo a vacina do laboratório Bharat Biotech, a Covaxin. Uma semana antes tinha dito exatamente o oposto: “O Brasil tem 210 milhões de habitantes, um mercado consumidor de qualquer coisa enorme. Os laboratórios não tinham que estar interessados em vender para gente? Por que eles, então, não apresentam documentação na Anvisa? Pessoal diz que eu tenho que ir atrás. Não, não.

Quem quer vender, se eu sou vendedor, eu quero apresentar”. Dois dias antes de Bolsonaro escancarar o lobby criminoso pela Covaxin ao premier indiano, uma empresa escolhida a dedo já estava na reunida embaixada brasileira em Nova Délhi em um encontro em 06/01/2021. A Precisa Medicamentos, velha conhecida dos esgotos da corrupção do ex-ministro da Saúde e líder do governo, Ricardo Barros. O ministério da Saúde é um enorme mar de lama, com várias denúncias recendendo ao mesmo tempo.

O servidor do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda na CPI – Foto Orlando Brito

Um servidor de carreira do setor de importações do Ministério da Saúde, Luís Ricardo Miranda foi pressionado, inclusive nos finais de semana, por autoridades do ministério para acelerar a descarga ilegal da Xovaxin. O servidor e o irmão, deputado federal Luís Miranda, levaram as graves denúncias pessoalmente ao capitão Bolsonaro em 20/03/2021.

Apesar de tomar conhecimento da tramoia e prometer acionar a PF para investigar, Bolsonaro prevaricou feio e cruzou os braços. Quando o escândalo rachou os canos fétidos da corrupção, os irmãos Miranda viraram investigados da Gestapo bolsonarista. Umas das ilegalidades mais malcheirosa seria o pagamento antecipado da vacina, não entregue, a uma offshore em paraíso fiscal, inexistente no contrato. Ou seja, um duto seguro para o pagamento de propinas sem rastreamentos futuros. Tudo exalando nas narinas do atento Pazuello. Afinal “um manda, outro obedece”.

O mesmo general Pazuello desperdiçou uma fortuna para estocar cloroquina para anos. O medicamento é inútil para o tratamento da Covid 19 e tem graves efeitos colaterais. Além disso quase perdeu cerca de 7 milhões de testes em um país marcado pelo déficit de testagem. Os argumentos para justificar o entupimento dos paióis do Exército com a cloroquina são de soldado raso: “Nesse sentido, e dentro do que revela a experiência humana, não poderia ser exigível comportamento diverso do Laboratório Químico Farmacêutico do Exército, senão a busca dos insumos necessários e pronto atendimento às prementes necessidades de produção da Cloroquina que, por seu baixíssimo custo, seria o equivalente a produzir esperança a milhões de corações aflitos com o avanço e os impactos da doença no Brasil e no mundo.”

São milhares de comprimidos estocados por falta de demanda e com suspeitas de superfaturamento. No dia D, na hora H, intimado a prestar contas da catástrofe à CPI do Senado mentiu, emporcalhando a farda e desprezando os brasileiros.

Sérgio Moro, juiz universal que perdoou Ônix Lorenzoni pelo crime de caixa 2 e foi faccioso no caso Lula, é o mestre de obra do esgoto autoritário que apodreceu o Brasil. É outro detrito da incompetência que maltrata o Direito, pronuncia o português porcamente e redige de maneira miserável. O inquisidor é o maior ícone da transgressão, do fascismo e responsável direto pela entronização dos trogloditas. Hoje, com seu falso talento jurídico, vive nos EUA engordando a conta bancária remunerada por corruptores que, outrora, fingia combater. Atua na recuperação judicial de construtoras que ele próprio arruinou no passado, como a construtora Odebrecht. A quebradeira gerou uma trágica onda de desemprego na construção civil para os brasileiros. Mas Moro agora é o orixá dos corruptores.

Sérgio Moro – Foto Orlando Brito

Seus odores na fossa bolsonarista jamais serão dissipados. Moro vazou deliberadamente uma gravação – duplamente ilegal – de uma conversa entre Dilma Rousseff e Lula, que resultou no veto do STF à posse do ex-presidente na Casa Civil. O áudio foi captado além do horário autorizado e era estranho ao foro de Moro. A conspiração foi determinante para a queda de Dilma Rousseff.

Moro grampeou criminosamente advogados, suspendeu o sigilo da delação de Antônio Palocci às vésperas da eleição e, em férias, atuou para abortar a liberdade do ex-presidente Lula. Foram as razões jurídicas, além de outras, pelas quais ele foi declarado parcial. A obra porca foi recompensada com a pasta da Justiça depois de eliminar o candidato favorito. Já sem utilidade, foi para o ralo da história após brigar pelo controle da PF.

Moro ganhou notoriedade ao incorporar o papel de teórico e pauteiro da Lava Jato. O ex-juiz sugeriu inversão de fases, escalou procuradores, ditou notas ao MP para desacreditar o “showzinho” da defesa, blindou políticos de sua preferência e indicou fontes para encorpar a acusação. Na toga de verdugo fez e desfez, misturando e corrompendo as figuras de acusador, investigador e juiz. Desequilibrou deliberadamente a balança da Justiça embaralhando militância política e a meliância jurídica. Absolutista como Luís XIV, operou a prevalência das pessoas sobre as leis, e não o contrário. Seu maior legado remete ao terror francês, onde processos precários levaram às degolas jacobinas. A guilhotina se aproxima dele e dos beneficiários da sua delinquência.

Em 2004, antes da Lava Jato, Sérgio Moro planejou tudo por escrito, construindo uma doutrina da delinquência judicial. O libelo incensando a operação “Mãos Limpas” e o promotor Antônio Di Pietro da Itália, tornou-se o vade mecum dos lavajatistas. Eis a súmula do memorial fascista: presunção de inocência pode ser relativizada para encarcerar suspeitos indefinidamente, prender para delatar, deslegitimar a classe polícia e praticar a publicidade opressiva para constranger e antecipar a culpa na opinião pública. O código fascista, recepcionado literalmente pela Lava Jato, foi devastador para história. Moro fraudou a história brasileira, não apenas o pleito de 2018. Como magistrado ressuscitou os tribunais do Santo Ofício. Como político chocou o ovo da serpente. Sua diarreia é uma nódoa eterna e infecta.

Ernesto Araújo e Eduardo Bolsonaro – Foto – Raylson Ribeiro/MRE

Outro antiministro, o ex-chanceler Ernesto Araújo esfolou a diplomacia brasileira. Sabujo de Donald Trump sabotou o multilateralismo, ideologizou e implodiu o Itamaraty. Já na posse renegou o globalismo. Os disparates continuaram ao anunciar um unicórnio chamado nazismo de esquerda: “É uma coisa que eu falo muito e é muito uma tendência da esquerda. Ela pega uma coisa boa, sequestra e perverte, transforma em uma coisa ruim. Acho que é mais ou menos o que aconteceu sempre com esses regimes totalitários. Por isso que eu digo também que… quer dizer, isso tem a ver com o que eu digo, que fascismo e nazismo são fenômenos de esquerda, não é?”.

Em 2020, o então chanceler surtou ao criar o neologismo “comunavírus”, defendendo a ideia de que a pandemia seria parte de um “caminho para o comunismo”. Segundo ele, o “comunavírus” seria um vírus ideológico que despertaria um pesadelo comunista.

Não satisfeito, para bajular Eduardo Bolsonaro, bateu boca com o maior parceiro comercial do Brasil e principal fornecedor de insumos para vacina: “Inaceitável que o embaixador da China endosse ou compartilhe postagem ofensiva ao chefe de Estado do Brasil e aos seus eleitores, como, infelizmente, ocorreu ontem à noite”. Esse comportamento insensato influenciou negativamente no fornecimento de insumos e causou atrasos fatais na vacinação. Os produtores na China disseram que a xenofobia atrapalhou, mas o negacionista, claro, nega: “Nós não identificamos nenhum problema de natureza política em relação ao fornecimento desses insumos provenientes da China. ”

Paulo Guedes, ministro da Economia, tem o desafio de aprovar as reformas que destravariam a economia – Foto: Orlando Brito

O ministro Paulo Guedes foi apresentado como a cloroquina para todos os males da economia. Exibido como síndico competente, se tornou o ministro da semana que vem e tem horror ao elevador de serviço, frequentado pelos filhos dos porteiros e das domésticas. A meta de zerar o déficit em um ano ficou presa no elevador social, assim como a maioria das prioridades da equipe econômica. Na mudança da previdência, Guedes queria mais: a capitalização. A ideia “luminosa” de iniciar a capitalização com os recursos do FGTS foi para a lixeira.

As reformas administrativa e tributária estão ameaçadas. Guedes também perdeu na CPMF e no auxílio emergencial. O Ministério da Economia virou a terra do nunca, do ilusionismo. A pasta assiste, inerme, a inflação voltar, a fome se expandir, o desemprego explodir, a fuga de investidores, a desvalorização do real, o crescimento da dívida pública, a queda abrupta da renda per capita e um tombo histórico no ranking das economias mundiais. Mesmo assim há espaço para orçamentos paralelos, cloroquina, tubaína e propina. A vida dos brasileiros só piora. Uma lástima.

A ministra Damares Alves – Foto Orlando Brito

Damares Alves, o astronauta, o general que toma vacina escondido, o golpista das pantufas, o ministro do racionamento, o chefe da Gestapo paralela, falsificadores de currículos, a inexpressiva esposa de um corrupto são outros auxiliares do Presidente que, como ele, enferrujaram o encanamento democrático, hoje apodrecido e em processo acelerado de decomposição. O país consumirá alguns bons anos na assepsia institucional para reorganizar a casa, desentupir os ralos, desintoxicar os esgotos, purificar as canaletas, limpar canos, trocar os chuveiros até que a água descontaminada das secreções fascistas e corruptas volte a jorrar inodora, insípida e incolor, como deve ser.

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