Obras subterrâneas não param em Vicente Pires durante as chuvas

Ação da agenda do SOS DF em Vicente Pires, construção de túneis de captação de água vão dar fim às inundações e criar rede de drenagem inédita na região.Fotos: Lúcio Bernardo Jr/Agência Brasília

Atento às demandas da população de Vicente Pires e à necessidade urgente de melhorias na antiga colônia agrícola de Brasília, o Governo do Distrito Federal dá prosseguimento às obras de drenagem na cidade, mesmo durante o período de chuvas. Escavações subterrâneas, construção de galerias pluviais e até de lagoas para captação das águas são intervenções que estão sendo executadas neste período.

As fortes chuvas que têm caído em Brasília nos últimos meses impedem a aceleração das obras de pavimentação, mas a ordem é não parar. Diante disso, 182 quilômetros de galerias subterrâneas começaram a ser construídos na cidade, numa intervenção inédita na infraestrutura de Vicente Pires. “São obras que, aos olhos do morador, não estão sendo vistas e parece que nada está sendo feito durante o período chuvoso, mas os homens estão trabalhando diariamente debaixo da terra nessa etapa, que é fundamental para garantir a qualidade do serviço que será feito em cima, o de pavimentação. Sem rede de drenagem não há asfalto que resista”, explica o secretário de Obras, Izídio Santos.

A cidade foi dividida em 11 lotes, com projetos aprovados e licitados por oito empresas do Distrito Federal. Neles estão previstas obras de drenagem e pavimentação de ruas, além da construção de lagoas responsáveis por captar as águas de chuva da cidade e depois direcioná-las aos córregos da região. Ao longo das últimas administrações, porém, pouco se avançou.

Serão investidos R$ 460 milhões em obras que atenderão 2,2 mil hectares de área total e beneficiarão 75 mil moradores. A pavimentação de ruas chegará a 253,4 quilômetros. Também serão construídos 468 quilômetros de meios-fios. A previsão de entrega das obras – com geração de 450 empregos diretos e 1,2 mil indiretos – é em 2020.

Tunnel liner
A estrutura de construção de redes de escoamento de água sem que as ruas precisem ser interditadas é chamada de tunnel liner. Nele, apenas um ponto de apoio é aberto no terreno e por ele começa a escavação. A profundidade varia de acordo com as condições do solo de cada lote. A equipe de reportagem da Agência Brasília visitou dois túneis na última semana.

Sob a rua da Feira, a sete metros de profundidade, placas de aço já começaram a dar forma aos 120 metros de galeria pluvial que passará por lá. De segunda à sexta-feira – e em alguns finais de semana –, homens avançam 1 metro diariamente do túnel de aproximadamente 2,8 metros de diâmetro.

A construção da rede de drenagem é o primeiro passo de preparação dos canais de captação de água. Obras como a preparação do solo para, posteriormente, receber o asfalto da pavimentação e a construção dos bueiros só podem ser feitas no período de seca, para não serem desmanchadas por uma chuva eventual.

Segundo a engenheira da Secretaria de Obras, Elizabete Borges e Borges, existe uma tática de engenharia pensada e executada faça chuva ou faça sol e, por isso, os moradores e comerciantes devem ter paciência. “Até mesmo quando chove nós estamos trabalhando, seja nos tunnel liners ou em laboratório de análise da terra. É importante aguardarmos a mudança climática para avançar sem perder o trabalho que será feito.”

A engrenagem de recepção, escoamento e recepção da água que cai sobre Vicente Pires é simples, apesar da complexa atuação dos técnicos do GDF para reordenar a região. Isso porque, como foi loteada e ocupada sem infraestrutura, moradores se juntaram em condomínios e, cada um ao seu modo, construíram canais de recepção individuais e sem interligação uns com os outros. O que o GDF faz agora é criar uma rede de drenagem. Com a nova rede, as águas serão escoadas pelas bocas de lobo, nas laterais das vias. Ali serão direcionadas ao canal central, seja em tunnel liners ou em anilhas instaladas estruturantes com a perfuração do terreno.

Dali, toda a água captada das ruas é direcionada para lagoas construídas na região e, então, deságua nos córregos. Ao todo são 22 lagoas. Como o terreno de Vicente Pintes tem um declive de 120 metros desde Taguatinga até o Jóquei, a força da água em dias de chuva é muito forte. Para reduzir essa velocidade, e impedir o assoreamento dos córregos para onde a água da chuva é direcionada, foram construídos dissipadores, espécies de grandes placas de pedras em caixas de tela de arame por onde a água entra e mantém o fluxo de escoamento, porém já com menor força. Serão 84 dissipadores em diversos pontos de Vicente Pires.

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