É difícil para o brasileiro entender a importância do seu país no cenário internacional. A visita do presidente Jair Bolsonaro à Casa Branca sinaliza que o Brasil e os seus cidadãos querem ser tratados como seres de segunda categoria.
Um ex-embaixador americano no Arraial de Bolsonaro dizia que os “brasileiros pensam que os flatos dos americanos são cheirosos”.
A comitiva oficial brasileira passou os últimos dias oferecendo ao público um daqueles espetáculos nos quais faz questão de exibir o que o Brasil tem de pior.
À exceção das costumeiras cenas de desforço físico na Casa Branca, a que os incautos cidadãos assistiram às vezes rindo, às vezes com pena, às vezes com vergonha do seu país, os membros da comitiva apresentaram uma “performance” completa – gritaria, frases desconexas, manobras de entrar na residência de Trump, sair da Casa Branca, sem ninguém entendesse direito o que, exatamente, estava sendo discutido. Ao final, acabou saindo uma decisão tão incompreensível para o cidadão comum quanto a presença do presidente na Casa Branca que ele fora obrigado a ver nas redes sociais.
Trata-se, no caso, da decisão de isentar vistos para turistas dos Estados Unidos. Ninguém entendeu a decisão, nem entendeu a discussão em torno dela e, sobretudo, não interessou em saber ou entender.
A maioria dos cidadãos, inclusive não entende a repercussão dessa decisão.
No entanto, foi em torno dessa colossal decisão unilateral, que a comitiva gastou dias inteiros – ao final dos quais seus integrantes saíram falando em “avanço das relações diplomáticas” e “melhoria da imagem do Brasil”, sem que qualquer cidadão pudesse sentir ou compreender que havia ganho ou perdido alguma coisa.
A classe diplomática brasileira, entretida, em discutir sobre si mesma, dirá que temas como esse são importantes para o país, mas não são, pois influem na soberania nacional. Eis aí um caso que as aparências enganam. Como tantos outros, a visita oficial parece importante e é importante para os interesses do cidadão – e, principalmente na vida do Brasil, influi, isso sim, na vida dos próprios diplomatas.
Falando o tempo todo entre si, lendo nas redes sociais, somente aquilo que se publica sobre eles próprios e ofuscados quanto à proeminência que julgam ter, os membros da comitiva conseguem tornar-se cada vez mais tediosos e menos aptos de beneficiar a vida de quem seja.