A paciência de Guedes deve ter algum limite

O ministro Paulo Guedes - Foto Orlando Brito

O governo Bolsonaro vai começar quando, finalmente, deixarem  seu Ministro da Economia trabalhar. Aplicar no enfermo país  princípios de política econômica, financeira e administrativa  modernos, adequados  à situação brasileira. O ministro Paulo Guedes tem demonstrado paciência com seus desafetos gratuitos no governo e na política. Paciência estica, suporta, mas não é infinita. Especialmente quando  se pretende fazer contenção de gastos e parlamentares  defendem aumentos salariais.

Pode ser agora, o começo. O país precisa. O que aconteceu e poderia mudar a situação foi algo inominável. Dezenas de deputados e senadores se uniram em votação para tentar derrubar o veto presidencial a um projeto que permitia a promoção de reajustes salariais ao funcionalismo público. Agora isto está proibido até o final do próximo ano. Perderam os parlamentares que pensam em si e nos amigos eleitores. O ministro da Economia obviamente ficou satisfeito, assim como o presidente Pátria Amada. Esse simples fato de enfrentar a crise cria nova perspectiva para o País.

O Congresso Nacional – Foto Orlando Brito

Paulo Guedes está certo ao afirmar que a aprovação eventual  do reajuste seria um crime contra a Nação. Seria mesmo, assim como um prejuízo calculado pelo ministro em R$ 120 bilhões. Suas Excelências –  qualificação imerecida – se zangaram e querem convocar o ministro para dar explicações ao Senado. Dispensável por que os senadores não vão entender. Se entendessem, não teriam votado a favor do aumento salarial para o funcionalismo público. Uns brasileiros morrem de fome,  salário mínimo e doença.  Outros,  os barnabés, ganham aumento.

O funcionalismo público federal, estadual e municipal, sabidamente ganha bons salários, e ao se  aposentarem  precocemente recebem  uma  baita aposentadoria. Além disso, esse pessoal ainda tem cargos vitalícios. Para ser demitido, só se der um tapa  no governador  ou xingar a mãe de seu chefe imediato. Mesmo assim  centenas de parlamentares  acham que os barnabés precisam de mais renda.  Por ser obviamente contrário o Ministro da Economia foi criticado mais uma vez. Cerca de 11,5  milhões de funcionários públicos existem no Brasil. O Congresso tem 6.200 no Senado e 18,8 mil na Câmara. Se tirarem uns 20 % dos três  segmentos, não farão nenhuma falta. Os congressistas temem a reação do funcionalismo  caso façam algo que possa  ser interpretado como contrário a eles.

Guilherme Afif Domingos – Foto Orlando Brito

Na década de 80  Guilherme Affif  Domingos despontava na liderança empresarial  com o  estímulo às micro empresas e à simplificação  administrativa. Acabou entrando na política e se candidatou a Presidente da República, em 1989. Se fosse eleito, já tinha escolhido seu Ministro da Economia ( na época Fazenda): Paulo Guedes. Affif não foi eleito, e  Guedes continuou  estudando  a economia brasileira e porque aqui os problemas não se resolvem. Hoje ministro, já queria estar trabalhando com afinco nesse sentido mas ainda não conseguiu. Não falta quem lhe perturbe as ideias e procure irritá-lo.  Mas ele insiste na luta.

O Brasil teve  excelentes  mestres na área econômica, todos foram ministros, então da Fazenda, mas o país não melhorou quase nada, definitivamente. Foram tempos de Bulhões, Simonsen, Reis Veloso, Delfim, Loyola, Galvêas, Gudin, Malan, Lara Resende   e tantos outros. As reformas tributária e administrativa continuam  prestes a sair. O país se ressente  de condições e iniciativas para a geração de emprego. Paralelamente, e muito importante, não se pode esquecer  de acabar com a maldita corrupção e combater vigorosamente a  pobreza.

— José Fonseca Filho é Jornalista

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