Três meses atrás diversos institutos americanos ainda estavam cortejando o ex-juiz federal e atual ministro da Justiça e Segurança Pública do governo brasileiro Sérgio Fernando Moro. O ex-herói da Operação Lava Jato teria torcido o nariz a tais propostas, preferindo ficar no Brasil.
Na última semana, diversos pesquisadores reuniram-se em Washington para homenagear o aniversário de morte do professor Alfred C. Stepan. Ele foi um destacado cientista político e administrador universitário, com experiência nas áreas de estudos latino-americanos, política comparada e transições governamentais em países árabes, e principalmente profundo conhecedor da política brasileira. Stepan foi um dos cientistas políticos (leiam-se “brazilianists”) mais originais, perceptivos e influentes do último meio século.
O principal assunto da homenagem foi o processo de implosão do ex-herói da Lava Jato.
É inevitável, assim, que já se comece a perguntar qual será o futuro do ministro Moro. Os institutos americanos reconhecem que a contratação do ex-juiz Moro teria sido um desastre. Deve-se concordar, desde logo, que recrutar celebridades é, em princípio, coisa péssima, sobretudo quando tais celebridades não têm o perfil adequado.
Há uma grande diferença entre Stepan e Moro. É a mesma coisa querer comparar vinho com água. O Brazilianist tinha uma sólida formação acadêmica, publicou dezessete livros e escreveu centenas de trabalhos acadêmicos.
Stepan, 81 anos, morreu de complicações do câncer em 27 de setembro de 2017 em sua casa no Upper West Side em Nova York.
É bom notar, ainda, que no início de sua carreira, Stepan fez contribuições extremamente importantes para entender por que as democracias às vezes explodem.
Acaba-se o herói Moro, acaba-se a Lava Jato – e lá se vai, junto com o prejuízo de bilhões de reais na economia brasileira, milhões de desempregados e uma população sem líderes, sem rumo e amargurada.