2020 é o ano para consolidar as grandes reformas estruturais

As condições para voltar a crescer com solidez em 2020 dependem de reformas como a tributária e a administrativa. Somadas à da previdência serão o cartão de visitas para atrair empreendedores dispostos a investir no Brasil

Cabe aos brasileiros dispostos a tirar o Brasil do atraso trabalhar para que não nos desviemos do rumo fincado na última eleição: melhorar a política, modernizar as relações econômicas e conquistar o desenvolvimento social.

Apesar do tímido crescimento econômico estimado, 2019 foi um ano de avanços. Resolvemos, em boa medida, a sangria fiscal da previdência, privilegiando o equilíbrio das contas públicas. A inflação está controlada, os juros no patamar mais baixo da história, o emprego em alta.

Hoje, pode-se ter a falsa impressão de que nada mudou, já que por algum tempo ainda vamos conviver com déficits. Basta, no entanto, um exercício de reflexão para imaginar como estaríamos sem a reforma encaminhada pelo presidente Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes.

Sem ela estaríamos condenados a quatro anos de estagnação. Dificilmente algum investidor de peso aportaria seu capital no Brasil.

Ministro da Economia, Paulo Guedes – Foto: Orlando Brito

Este avanço, porém, já é coisa do passado. O momento é de aproveitar o embalo, içar as velas e acelerar o barco.

Para isto, é indispensável que, mesmo aqueles que têm alguma discordância com o atual governo, colaborem para prosseguirmos arrumando a casa. Não falo daquela turma que planeja a volta ao passado do Estado gigante e intervencionista.

Refiro-me à maioria dos brasileiros. Aos que querem um Brasil moderno, tecnológico, bem-educado e, principalmente, onde todos tenham as mesmas oportunidades.

A estes, mesmo que tenham óbices ao jeito com o qual o presidente conduz o Brasil, sugiro uma reflexão desarmada. Neste momento, o que interessa é o Brasil.

Brasileiros na rua pacificamente – Foto: Orlando Brito

Afinal, os mandatários passam. O que importa é que possam nos deixar um legado de modernidade, como aquele que levou as nações do leste asiático a prosperarem.

Para isto, é indispensável eleger as prioridades. Entre elas, certamente encontram-se as reformas tributária e administrativa, além da conclusão do novo marco do saneamento, tramitando no Senado.

Se findarmos 2020 com avanços nestas agendas poderemos, já no ano que corre, retomarmos crescimento robusto do PIB. E, neste ponto, penso que ninguém discorda: sem crescimento econômico não há como distribuir renda e progredir.

Foco nas prioridades

Simplificar o sistema tributário mais complexo e confuso do mundo representará mais eficiência para a economia e um alívio para os empreendedores.

Os que possuem capital para investir aqui, inclusive no saneamento, esperam que o Brasil continue melhorando o ambiente de negócios, com regulação justa, sem amarras, com menos burocracia e, sobretudo, com livre concorrência, para voltar a apostar no Brasil.

Simultaneamente, é necessário mudar a cara arcaica do Estado brasileiro. Do jeito que está, se nada for feito, caminharemos inercialmente para o estado que existe apenas para sustentar a própria máquina.

Apesar da reforma da previdência, ainda gastamos muito com salários e com custeio do Estado. Ora, o Estado não é um fim em si mesmo. Ele existe para servir, não para ser servido.

A discussão da Previdência nas ruas – Foto: Orlando Brito

De um lado, temos o Judiciário mais caro do mundo. Do outro, é vergonhoso que o Brasil ainda tenha cerca de 100 milhões de pessoas sem coleta de esgoto em casa e 35 milhões de brasileiros sem acesso à água tratada.

Todas estas reformas dependem do Congresso Nacional. Como este é ano eleitoral, o tempo para votações será exíguo, mas suficiente, desde que as condições para aprovar as reformas sejam dadas.

Primeiro, é preciso foco do Governo Federal. O Executivo deve definir com clareza e objetividade as prioridades.

Segundo, continua indispensável aos eleitores manter a pressão sobre o Parlamento. O Legislativo já mostrou que cede à pressão popular, o que é próprio da democracia.

Terceiro – e esta, infelizmente, é a parte mais difícil -, necessário um mínimo de desapego partidário e ideológico para pensarmos no que importa: o Brasil e o bem-estar de todos.

* Mateus Bandeira foi CEO da Falconi, presidente do Banrisul, secretário de Planejamento do RS e candidato ao governo gaúcho

Deixe seu comentário