Bebi uma tubaína, como recomendou o chefe, sentei-me diante do computador e agora vou fazer minhas previsões sobre o futuro “novo normal”. Vamos ver, no ano que vem, se acerto alguma.
Basta de coisa ruim, já temos o bastante. Não vou fazer previsões negativas tipo o anunciado fim do jornal-papel, apressado agora por medo de contágio pelo manuseio. Para supri-lo, eis aí o leitor lendo Os Divergentes.
Mesmo com a decretação do cessar-fogo, isto é, com o final do bombardeio atual e na espera de nova blitzkrieg do vírus, modificado ou não, seremos obrigados a continuar usando máscara. Não entramos na III Guerra Mundial? O vírus, como a radiação, permanece no ar, li num boletim da OMS. Diante disso, a primeira previsão contempla a fatuidade. A indústria da moda vai lotar as butiques com máscaras de grife, lindas, assinadas por renomados armanis e louises vuitton. Vão ser caríssimas.
As dondocas da Arábia Saudita vão desdenhá-las, pois já usam a burca. A indústria de cosméticos vai faturar também com sabonetes anti-Covid, plenos de olores florais, mas tão eficientes como o sabão de coco ou o sabão-do-reino que uso aqui em casa, junto com a tubaína. Os novos sabonetes serão caríssimos, mas quê fazer? Muitos consumidores, vaidosos, apreciam ser passados pela cloroquina.
A segunda previsão também é de natureza odorífica. Elevadores vão ter de trocar aquela plaquinha que avisa a lotação máxima. Os elevadores que conduziam até dez passageiros, vão levar só dois de cada vez. E olhe lá. Leram só o que aconteceu na quinta-feira em Brasília? Deu no Metrópoles. Prenderam dois sujeitos cloroquínicos que ameaçavam autoridades se estas não decretassem o uso obrigatório do arrolhamento do ânus.
É isso mesmo: rolha em todos, porque os dois sábios descobriram que o pum é transmissor do corona. Como é de conhecimento de toda a humanidade desde a útil invenção do alemão Otis, é no elevador que os terroristas usam e abusam do pum para acuar o semelhante. Para prevenir aquele olhar do “não fui eu!”, entrará só um passageiro de cada vez no elevador. Não haverá necessidade da lei do arrolhamento, o que já é grande ganho.
Também os aviões comerciais vão ter de ser reconfigurados para levar menos passageiros. Serão só duas fileiras de uma só poltrona, em vez das duas fileiras de três assentos. Sério, já vi num site especializado. E aquele corredorzão separando-as. As aeromoças vão gostar, pois guiarão seus carrinhos com mais desenvoltura. O preço dos bilhetes será quadruplicado.
O ministro Guedes vai gostar, porque o patronato acabará com essa evasão de dólares causado pelas domésticas que antes viajavam para cuidar dos filhos dos ricaços em Miami. Talvez criem uma classe especial para os casais voarem lado a lado. Mas vão ter que apresentar a certidão de casamento, depois de passar pelo medidor de temperatura. O que é positivo, pois tem muito neguinho safado que está embromando a companheira há muito tempo para não ir ao cartório.
Estou em dúvida sobre as fotografias na carteira de identidade e no passaporte. Serão duas? Uma normal e a outra no “novo normal”, de máscara? Problemão para as polícias e aduanas do mundo.
– Retire a máscara, senhora! – dirá o policial atrás do guichê.
– Tá me estranhando, senhor? – responderá uma Zezé Macedo.
Já que falei em casamento, prevejo um bom futuro para muitas meninas do comércio sexual. Atualmente, elas estão sofrendo muito, falando sério. Aliás, são merecedoras do auxilio dos 600 paus. Assinei um abaixo-assinado digital que me chegou no e-mail em favor delas. Justíssimo, ouviu Bolsonaro? Recebi igualmente dezenas de WhatsApp com sugestões didáticas de como contornar o risco de contaminação com elas. Todas as demonstrações superam em contorcionismos as mais desafiadoras posições do célebre receituário do Kama Sutra. E olha que este livro exibe 607 possíveis malabarismos. O autor hindu perdeu para os brasileiros. Nem os acrobatas do Circle du Soleil exibem uma agilidade corporal como se vê nesses videos! Ah, se eu tivesse me livrado do mal da coluna!
Mas algumas sugestões sairão bastante caras, pois demandam serviços de marcenaria e engenharia mecânica. É um tal de divisórias de madeira com buracos de diferentes bitolas, do lado masculino, e de maquinário de elevação, no lado feminino, para o devido ajuste com os buraquinhos e buracões. O WhatsApp que recebi, porém, avisa que a configuração desses locais prazerosos pode sair mais barato, com grande economia na perfuração dos diferentes orifícios. Isto porque há um tamanho standard baseado nas medições da OMS. Desde que, adverte o engenheiro sueco, quem se posicionar do lado masculino não seja aquele africano que faz sucesso nas redes sociais. É, aquele mesmo negão de chapéu que emite sons guturais no celular, para humilhar os homens medidos pela OMS.
A boa previsão, nesse campo do facilitário do amor, é que muitas das moças, bonitas, elegantes, até universitárias, irão finalmente se unir a um homem só. Por decisão de ambas as partes, pois a paúra, como dizem os italianos, é geral.
Vou beber outra tubaína.
Será que o Supremo pega o homem?
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