Ao contrário do que a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, acreditava, o capital estrangeiro ainda não deu as caras no Brasil, mesmo com a aprovação da reforma da previdência e a venda do direito de exploração do pré-sal. Até mesmo a bolsa de valores, embora esteja em alta, continua apontando um fluxo de investimento muito maior de saída do País do que entrada.
Um estudo feito pela Instituição Fiscal Independente (IFI), do Senado Federal, aponta que nos nove primeiros meses de 2019 do governo de Jair Bolsonaro houve uma agravamento do déficit do balanço de pagamentos que contabiliza todos os fluxos de ingresso e saída de recursos do Brasil. O déficit do balanço de pagamentos foi de US$ 96,4 bilhões de dólares, especialmente pelo resultado negativo da balança de transações correntes que inclui o resultado da balança comercial, pagamento de fretes, serviços e remessa de lucros e dividendos.
O estudo feito pela IFI indica também que no ano passado ocorreu uma significativa aversão ao risco de investidores brasileiros. A remessa de investimento direto ao exterior de empresas e pessoas físicas foi de US$ 20,917 bilhões. Com isso subiu para US$ 514 bilhões o estoque de investimentos dos brasileiros no exterior.
Paraísos fiscais: segurança
A maior parte dos recursos foram remetidos às Ilhas Cayman, Ilhas Virgens Britânicas, Bahamas, entre outros paraísos fiscais. O Estados Unidos, parceiro de primeira hora do atual governo, registra um estoque de apenas US$ 26 bilhões de investimentos.
O senso feito pelo Banco Central em 2018 indica que os detentores destes investimentos no exterior são 63,5 mil empresas e 58,6 mil pessoas físicas.
Este fluxo e estoque de recursos de brasileiros ao exterior pode ter alguma relação com a busca de maior segurança e rentabilidade. É que, com a atual política de queda de taxas juros, a rentabilidade de muitas aplicações ficou negativa. No exterior, os investidores podem conseguir juros reais e sem risco da desvalorização da moeda.
Isso explica em parte a desvalorização do real diante do dólar. A procura por dólar no mercado é bem maior do que a oferta.