Os vexames do golpismo de Trump e da sua despedida com o clã Bolsonaro

Até radicais republicanos começam a fugir de Trump, mas a família Bolsonaro continua apostando em seus delírios de golpe. Vai quebrar a cara lá e cá.

Em qualquer país com um mínimo de respeito a legalidade, a mudança de endereço de Donald Trump a partir de 20 de janeiro não deveria ser para nenhum de seus luxuosos hotéis. Suas sucessivas tentativas de transformar os Estados Unidos em mais um república de banana — criadas por eles pra longe do seus próprios territórios –, é um atentado tão sério à própria democracia que só deixa uma mudança plausível de endereço: da Casa Branca para uma cela na cadeia.

Richard Nixon renunciou diante do escândalo Watergate – Foto NYC Times

Nunca antes na história americana alguém ameaçou tanto a democracia e a segurança nacional como essa birra de Trump. Passou de todos os limites. A renúncia de Richard Nixon diante de um iminente impeachment, que gerou ondas de mudanças democráticas mundo afora, parece coisa de trombadinha perante os notórios crimes de Trump. Sua caneta vale apenas para anistiar seus comparsas. A aposta nos Estados Unidos é que sua última canetada é se autoanistiar dos crimes que vem cometendo.

As ditaduras no mundo inteiro aplaudem. Os livros e filmes em que a KGB soviética conseguia infiltrar agentes nos Estados Unidos ficaram completamente obsoletos. Nem em seus maiores delírios, Vladimir Putin, herdeiro das piores práticas da KGB, poderia conseguir um infiltrado tão relevante para seus devaneios.

Bolsonaro e o filho Eduardo com Trum na Casa Branca – Foto ReproduçãoTwitter

Os próprios republicanos, inclusive alguns bem radicais, estão assustados com os delírios de Trump. Nada disso abala a crença do clã Bolsonaro de que o Trump é porta-voz de um novo tempo. Nessa segunda-feira, o deputado Eduardo Bolsonaro e família, acompanhados pelo embaixador Nestor Foster, fizeram uma visita a Casa Branca. Teriam ido se encontrar com Ivana Trump, filha dileta do maluco presidente americano. O mais incômodo nessa habitual inconsequência de Eduardo Bolsonaro é o fato de ele ainda ser o presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados.

Araújo e Pompeo

A diplomacia em  todo o planeta se move por liturgias e signos. Os correios elegantes, repletos de elogios mútuos, trocados entre o secretário de Estado americano Mike Pompeo e o chanceler brasileiro Ernesto Araújo dão alguma oficialidade a esse amor maluco. Nem sempre correspondido.

Daqui a duas semanas, os Estados Unidos finalmente se livram de Trump. E nós aqui? O governo Bolsonaro, com uma penca de crimes passíveis de impeachment nas costas, abriu os cofres públicos no propósito de comprar eleições de presidentes na Câmara e no Senado que barrem seu impedimento. Esse é o pano de fundo nas disputas no parlamento. Agonia que segue.

A conferir.

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