A Executiva Nacional do PT vai se reunir em Brasília no próximo final de semana, para discutir sobre a eleição para a presidência do partido, prevista para junho. Uma das propostas que será apresentada durante o encontro é a mudança de eixo do poder partidário do Sul para o Nordeste.
Faz sentido os petistas defendem essa ideia, já que o Nordeste é o último reduto do PT no país. No entanto, a proposta tem outra intenção: tirar a deputada Gleisi Hoffmann do comando da legenda. Apesar das inúmeras críticas, a atual presidente do PT não demonstra o menor interesse em largar o osso.
Entre os petistas há quase um consenso de que a deputada paranaense não pode continuar no comando do partido. “Ela não ouve ninguém. Ela está levando o partido ao isolamento total”, diz um parlamentar petista.
O problema é que Gleisi conta com o apoio explicito do ex-presidente Lula, preso em Curitiba desde abril do ano passado. Embora não haja perspectiva de o ex-presidente deixar a prisão tão cedo, já que sofreu uma segunda condenação, Lula ainda detém o maior capital político dentro do PT. Por isso, ninguém tem coragem de desagrada-lo abertamente.
O ex-prefeito de São Paulo e candidato do PT à presidência da República, Fernando Haddad, até tentou. Em uma das visitas ao ex-presidente em Curitiba, Haddad pediu apoio para presidir o partido, mas levou um não como resposta.
A partir daí o ex-prefeito desanimou. Alguns partidários até tentaram estimula-lo a entrar na disputa, mas ele revelou a interlocutores que está cansado de ser boicotado dentro do partido. A gota d’água para perder de vez o interesse em comandar o partido foi o fiasco da caravana programada pelo partido que teve início dia 15 de fevereiro no Piauí e seguiria por vários meses até chegar a Bahia.
Haddad seria a principal estrela da caravana, mas o resultado não foi o esperado e o partido optou por abortar o projeto logo após a primeira viagem.
Os governadores do PT já se manifestaram a favor de que o eixo de poder mude para a região Nordeste, onde atuam. Eles até sugeriram os nomes do deputado José Guimarães (CE) e do senador Humberto Costa (PE) para presidir o partido.
No entanto, o sonho dos petistas é que o baiano Jaques Wagner, amigo de Lula e bastante articulado no meio político, aceite o desafio. O problema é que Wagner não vai entrar na disputa sem o apoio formal de Lula. Resta saber se o ex-presidente conseguirá se sensibilizar com a agonia do partido.