Começa hoje, em formato on-line, o maior festival de documentários da América Latina, É Tudo Verdade- It’s All True, com encerramento previsto para o dia 4 de outubro. Serão exibidos 61 documentários em plataformas de streaming. Para Os Divergentes o festival terá um gostinho especial de vitória. Na próxima terça-feira (29), a partir das 15h, será exibido o documentário brasiliense Não Nasci Para Deixar Meus Olhos Perderem Tempo, indicado na categoria de melhor longa e médio.
Dirigido pelo cineasta Claudio Moraes, com roteiro de Rita Nardelli, o filme narra a trajetória profissional do premiado fotógrafo Orlando Brito, que ao lado dos jornalistas Andrei Meireles e Helena Chagas, criou Os Divergentes, um espaço para o debate político aberto onde a divergência de opiniões é mais que respeitada, é bem-vinda.
Com mais de cinco décadas atuando nos bastidores do poder, Brito é uma referência na cobertura política diária da Capital Federal. Durante os últimos 55 anos foi testemunha ocular da história do Brasil. O único a fotografar todos os presidentes da República desde o golpe militar de 1964.
É Tudo Verdade apresenta filmes brasileiros e estrangeiros. Criado pelo jornalista e crítico de cinema Amir Labaki, o festival tornou-se um dos poucos eventos cinematográficos no mundo no qual os vencedores ficam dispensados cumprir uma temporada no mercado americano para se credenciar a uma indicação ao Oscar. Isso não é pouca coisa.
Sem patrocínio, o filme Não Nasci Para Deixar Meus Olhos Perderem Tempo, levou quatro anos para ser concluído. São 72 minutos de duração mesclando entrevistas de Orlando Brito à equipe de filmagem, com imagens de seus trabalhos e passagens por locais que marcaram sua carreira, como o Congresso Nacional, os Palácios do Planalto e da Alvorada e até mesmo Vale do Amanhecer, um dos pontos turísticos e místicos de Brasília.
Autor dos livros O Perfil do Poder (1981); Senhoras e Senhores (1992); e Brasil: de Castello a Fernandos (1996); Poder, Glória e Solidão (2002); Iluminada Capital (2003) e Corpo e Alma (2006), Brito estava preparando uma exposição fotográfica para este ano intitulada Do General ao Capitão – De Castelo a Bolsonaro, quando foi surpreendido pela pandemia do coronavírus. A mostra ainda não tem data para se realizar, mas certamente será um passeio pela história do Brasil das últimas cinco décadas.
Brito passou pelas redações dos maiores jornais do país. Iniciou na profissão como laboratorista da sucursal do jornal carioca Última Hora, aos 14 anos de idade. Dois anos mais tarde já estava fotografando. Passou pelo jornal O Globo e na revista Veja conseguiu emplacar nada menos do que 113 capas, um recorde até hoje.
Vencedor do prêmio World Press de 1979, na categoria de sequência fotográfica, ganhou outros onze prêmios Abril entre 1983 e 87, passando a ser considerado hors concours neste certame. Foi contemplado com a bolsa VITAE de Fotografia em 1989.
Parabéns, Brito! Você merece essa homenagem.