O primeiro mês do governo Bolsonaro, que termina hoje, mostrou que lidar com os problemas reais do país é bem diferente e muito mais complexo do que o presidente da República, sua equipe e mesmo seus eleitores mais confiantes poderiam imaginar.
Em apenas 31 dias, Bolsonaro já teve de encarar os ataques do crime organizado no Ceará, a tragédia de Brumadinho e a novela das movimentações financeiras atípicas de Flávio Bolsonaro e seu ex-motorista, o que obrigou o presidente a admitir que seu filho poderá ser punido se for constatado algum crime.
Para coroar essa tumultuada estreia de Bolsonaro no Planalto, o IBGE divulgou nesta quinta-feira (31) que a falta de trabalho segue sendo uma das faces mais duras da realidade de nada menos do que 26,9 milhões de brasileiros.
A taxa média de desemprego no Brasil em 2018 ficou em 12,3%, segundo a Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).
Essa realidade que bate à porta do governo Bolsonaro poderá se complicar ainda mais a partir de amanhã, quando a Câmara dos Deputados e o Senado retomam suas atividades e elegerão seus novos presidentes.
Isso porque os candidatos favoritos aos postos de comando no Congresso Nacional não correspondem à expectativa de boa parte do eleitorado de Bolsonaro, que terá obrigatoriamente de estabelecer um canal de diálogo com os representantes da velha política brasileira, tão criticados e combatidos durante a campanha eleitoral do ano passado.
Esse armistício entre a nova e a velha política será fundamental para que Bolsonaro consiga aprovar a reforma da Previdência, prioridade número um da equipe do ministro Paulo Guedes, e mesmo dar prosseguimento aos planos do ministro Sérgio Moro de enfrentamento à corrupção no país.
Também facilitaria a vida do novo governo guardar as armas na inevitável relação que terá com a imprensa brasileira e mesmo internacional até o fim de 2022, como bem fez o vice-presidente Hamilton Mourão durante sua primeira interinidade como presidente em exercício.
Resta saber o que os novos ocupantes do Palácio do Planalto e da Esplanada dos Ministérios aprenderam com o Brasil real neste mês de janeiro.