Era preciso que acontecesse um fato que não envolve a política ou setor produtivo para demonstrar o quanto o Ministério Público é faccioso. Os procuradores demonstram, na tragédia do Flamengo, que não têm coragem de aplicar a lei contra à opinião pública. O gato parece ter mordida a eloquência da crônica esportiva, tão pródiga quando se trata de outras áreas. São pálidas as críticas e as cobranças ao Clube Regatas Flamengo.
Se formos comparar com episódios recentes, o mínimo que poderíamos esperar era que fosse pedida a prisão da diretoria do Flamengo por ter colocado jovens numa instalação fora da legalidade. Com extintores de incêndio insuficientes. Numa instalação que mais parecia uma prisão à prova de fugas.
Nenhum procurador público ou juiz decidiu sequestrar as receitas e o dinheiro em caixa do clube. Como se sabe, digamos, o clube está falido do ponto de vista fiscal. Como se sabe, o clube vive, com a maioria dos demais, de benevolentes rolagens de dívidas para o Estado. Nem a prefeitura é cobrada por deixar funcionar um alojamento à margem da legalidade.
O Flamengo instalou um comitê de crise, mas esta não acenou com nenhum tipo de indenização aos familiares dos jovens mortos. E olha que não estamos falando de trabalhadores que recebiam baixos salários e que viviam em moradias modestas. Estamos falando de jovens com futuro. Jovens que, potencialmente, ganhariam milhões de reais, milhões de dólares. Estamos falando de famílias que viam em seus filhos a redenção econômica.
Não sei o que acontece. Será que os procuradores são flamenguistas? Será que eles têm medo de enfrentar a opinião pública dos flamenguistas? Afinal, se trata de uma das maiores torcidas do país. Será que a eloquência, e a determinação, dos procuradores e juízes é seletiva. Isso, só o tempo dirá. Isso poderá servir para demonstrar, mais uma vez, que estes profissionais se movem pela conveniência. Vamos lá: uma vez Flamengo, Flamengo até matando.