Mais doze meses, chavão repetido. Vem aí felicidade ou ilusão?
Maior festa do mundo, a chegada do novo ano, sempre com a esperança de tempos melhores, acontece mais uma vez. Não há festança de maior confraternização e comemorações na terra do que o afrancesado réveillon. O deste ano que está acabando podemos acreditar ter sido um período que não valeu. Foi um ano de … cala-te boca! Na hora de passar o bastão para o garotão animado que está chegando, o chamado 21, o velhinho, muito envergonhado, procura apressar os passos e sair de cena. 0 20 tenta fugir correndo mas a idade não permite. Cruza com o 21 garboso para entrar na Terra, e resmunga ao colega: “O vírus me destruiu. Vê se cuida bem das vacinas. Tem de todo tipo e preços.” E se mandou, apoiado na bengala.
A questão é que a situação do mundo tem se alterado bastante a cada novo ano, forçoso
reconhecer. Mas não mudando como gostaria a humanidade. Quem – países, indivíduos,
grupos econômicos, corruptos, ladrões – já era rico ficou mais rico ainda. E quem já era muito pobre – países, nordestinos, favelados, africanos, explorados em geral – ficou muito mais pobre, uma realidade que não cessa de crescer. Decepção a cada ano mais grave para a humanidade que acompanha o empobrecimento dos pobres e o enriquecimento dos ricos.
Tanto que os terráqueos, passada a farra empobrecida do 1o. de janeiro voltam correndo
para o trabalho, visando recuperar o que foi perdido no ano que se foi. E a distância continua crescendo entre os que têm muito e os que nada possuem.
Próspero Ano Novo. Os publicitários, na década de 50, criaram este novo slogan para divulgar acoplado à mensagem de Natal. Porque ano novo feliz depois de gastar tanto no Natal com os perus, panetones e netos seria difícil. As mensagens ficaram realmente mais eficazes com os novos dizeres: Feliz Natal e Próspero Ano Novo. Ou seja: trabalhe mais, ganhe mais e poupe para o que vem por aí. Antecedido pelas vacinas, o 21 provavelmente terá uma gestão mais favorável do que seu antecessor, porque há muitas décadas não acontecia tamanha mortandade. As cifras são de milhões nas mortes e outros milhões nos atingidos pelo vírus, mas que ainda não morreram. Podem ser salvos pela medicina,
O 20, na saída, preveniu o 21 para tomar cuidado no relacionamento com os governantes e o comércio de vacinas . Um dos destrambelhados, o gringo Trump, levou uma sova na eleição e faltam poucos dias para deixar o cargo. Foi um dos poucos presidentes da história americana que não conseguiu se reeleger para o segundo mandato. Discípulo de Trump, o Bolsonaro é também um risco para o prosseguimento da luta contra o Covid 19, devido às intransigências quanto às orientações médicas e a rejeição pessoal ao trabalho dos cientistas. É a continuação do drama que será vivido pelos brasileiros ao longo do novo ano, mesmo saudado com esperança. E o país ainda vai aguardar dois meses até iniciar a vacinação do povo brasileiro.
Foi um ano escabroso para todos os habitantes deste vasto mundo. A retomada da vontade de viver é o maior estímulo dos brasileiros, como da população mundial, para retomar nova fase de crescimento da humanidade. Acrescida do sentimento de fraternidade e a aproximação entre os países de modo que as culturas se tornem homogêneas e criativas entre si, e possa haver desenvolvimento social e econômico geral. Convenhamos que falta de festas, bebidas e pagodes não causam prejuízos ao país. Faltou inteligência para que os brasileiros cumprissem as regras preventivas contra o coronavírus. Tão simples: manter o isolamento social; usar máscara protetora na face; evitar aglomerações.
O mundo avança. Livre desse tipo de vírus e prevenido contra outras eventuais pandemias o combate será mais organizado e eficiente. A população mundial poderá ter aprendido, à custa de milhões de mortos, como enfrentar semelhantes batalhas com possibilidade de vitória em menor prazo de tempo. O Ano Novo assim chegado, em sua repetitiva trajetória anual, trará para a população mundial um período de alegrias e realizações, ou mais frustrações.
Começamos a vencer a pandemia. A comemoração mundial, caso tudo corra bem no 21, será na chegada do ano 22. Mas para isso deve haver o compromisso mundial de melhorar,
efetivamente, a qualidade de vida dos pobres e necessitados.
— José Fonseca Filho é Jornalista