Quem apostou que o enterro da CPI da Lava Toga selaria a paz entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Senado perdeu a aposta. Horas depois da aprovação do parecer da Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ) considerando inconstitucional a criação de uma CPI para investigar os tribunais superiores, batizada de CPI da Lava Toga, o senador Marcos do Val (ES), segundo signatário da CPI, protocolou um pedido de impeachment do ministro Gilmar Mendes.
Alguns dos pontos elencados pelo senador no pedido de impeachment do magistrado constam do escopo do requerimento de criação da CPI da Lava Toga. Dificilmente o pedido de cassação do ministro Gilmar Mendes terá andamento no Senado, afinal, a maioria dos senadores não quer briga com o Judiciário, especialmente com o Supremo, onde alguns estão sendo investigados ou respondem a processos.
De qualquer forma, a atitude do senador capixaba deixa clara a intenção de alguns parlamentares de não darem sossego aos ministros dos tribunais superiores. O autor do requerimento da CPI da Lava Toga, senador Alessandro Vieira (SE), disse que não tinha conhecimento do pedido do colega. Ele garante que vai continuar lutando pela instalação da Comissão, que é um direito da minoria. “Vamos continuar lutando pelo direito de investigar condutas suspeitas de integrantes das Cortes Superiores”, afirmou em suas redes sociais.
No pedido de impeachment de Gilmar Mendes,o senador Marcos do Val aponta três fatos que considera “incompatíveis com a honra, dignidade e decoro de suas funções”, entre eles estão os habeas corpus concedidos aos empresários Eike Batista e Jacob Barata Filho, e a criação de um complexo industrial na cidade de Diamantino, no Mato Grosso.