CPMI da Fake News não empolga ninguém, mas constrange governo

Ao depor no Congresso nesta terça-feira, general Santos Cruz chamou Olavo de Carvalho de “vigarista profissional” e disse que “fritura de ministro” é coisa de “gente desqualificada”. Apesar das farpas, a Comissão segue morna.

O general Santos Cruz na CPI das fake news - Foto Orlando Brito

Palco de muitos escândalos políticos, as CPIs foram, durante muito tempo, holofotes para os políticos que queriam se destacar nacionalmente. Muitas comissões fizeram história e produziram cenas memoráveis. As investigações atraiam a atenção da população, que acompanhava as reuniões como se fosse final de novela.

Infelizmente, as CPIs hoje já não fazem tanto sucesso de critica e público como antes. Talvez por causa das brigas intermináveis nas reuniões ou pelos conchavos políticos que acabam por gerar resultados pífios.

O certo é que nem mesmo os jornalistas que cobrem o dia a dia do Congresso acompanham mais o funcionamento das comissões de inquérito que estão em atividade. Um exemplo é a CPMI da Fake News, criada há pouco mais de dois meses, mas que até agora não disse a que veio.

O foco inicial da CPMI era investigar as denuncias do uso de fake news durante a campanha eleitoral do ano passado, disparadas por meio de robôs. Mas a única coisa que tem conseguido durante as reunião é criar constrangimento ao governo ao expor uma total falta de articulação do Planalto e a inexistência da base do presidente Bolsonaro no Congresso.

O deputado Alexandre Frota também prestou depoimento na CPI – Foto Orlando Brito

A oposição vem ganhando de goleada. Já consegui trazer para ser ouvido o deputado Alexandre Frota, ex-aliado de Bolsonaro, que aproveitou o palco para disparar acusações ao governo. Também foi ouvido Allan dos Santos, criador do blog Terça Livre – apontado como um dos maiores disseminadores de fake news em favor do governo.

Fabio Wajngarten, Secretário de Comunicação da Presidência – Foto Orlando Brito

Nesta terça a CPMI ouviu o ex-ministro chefe da Secretaria de Governo da presidência da República, general Santos Cruz, convidado depois de conceder uma entrevista ao jornal “O Globo” na qual acusou os filhos do presidente Jair Bolsonaro, o chefe da Secretaria de Comunicação, Fábio Wajngarten, e assessores ligados a Olavo de Carvalho, de terem promovido uma ação coordenada nas redes sociais que culminou na sua “fritura”.

O general não apresentou nenhuma bomba, mas deixou claro sua magoa com o presidente ao tratar da sua demissão. “Saída de governo não é humilhação”, disse, criticando a forma como as coisas foram conduzidas, especialmente em relação campanha que enfrentou nas redes sociais.

Mais adiante disparou: “Quando falta ética, quando começa uma coisa de baixíssimo padrão, que se chama fritura… Isso é coisa de gente covarde, de gente desqualificada, de gente que não sabe administrar política, de gente que não sabe administrar o relacionamento humano. É a escória do comportamento político”.

Olavo de Carvalho

Santos Cruz não poupou criticas ao “guru de Bolsonaro”, Olavo de Carvalho, a quem chamou de vigarista. “Pelo que eu li dele, dito pela filha dele, é um vigarista, um vigarista profissional, que conseguiu influência em cima de algumas personalidades”.

Elogiado pela oposição e criticado pelos governistas, Santos Cruz apresentou sugestões de como a CPMI pode conseguir comprovar o uso das redes sociais por uma “milícia virtual”. Para o general, somente por meio da tecnologia será possível encontrar os responsáveis pela onda de fake news que vem se disseminando na política brasileira.

Resta saber se os integrantes da CPMI estão interessados mesmo em descobrir alguma coisa sobre as fake news e punir os responsáveis ou se querem apenas jogar para a plateia. Plateia cada vez menor.

 

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