Coronavírus e Argentina arrepiam os cabelos dos investidores no Brasil

O forte impacto no mercado financeiro no Brasil do avanço do coronavírus, já com transmissão local em São Paulo, e da crescente influência de Cristina Kirchner na política argentina

(Brasília - DF, 12/02/2020) Presidente da República, Jair Bolsonaro durante encontro com Felipe Solá, Os presidentes Bolsonaro e fernandez - Foto: Carolina Antunes/PR

O coronavírus está dando mais medo no bolso dos brasileiros do que nos pulmões dos infectados. Entretanto, não é o único medo a arrepiar os cabelos dos endinheirados: o mergulho da Argentina nas trevas do desconhecido está disparando tanto alarme quando o Covid-19. Esta é análise de economistas e profissionais do mercado financeiro no Brasil.

No mundo afora, os governos já estão se mexendo para apoiar os sistemas financeiros e mercados de ações, para evitar que o micróbio chinês acrescente ao poder letal do bichinho uma desordem cambial planetária. Já o imbróglio portenho é bem do nosso Cone Sul.

O problema dos “hermanos” é o menos controlável, pois seus desdobramentos acrescentam aos riscos financeiros e econômicos, incertezas políticas. Governantes mercuriais, como se diz para personalidades arrebatadas, em Buenos Aires e Brasília, robustecem estas expectativas negativistas, tendendo a paralisar os negócios e os investimentos privados. É o que se vê nos prognósticos de sexta-feira que vão se prolongar pelo fim-de-semana e, possivelmente, influir na semana que vem.

A epidemia do Coronavírus

No caso do Covid-19, a constatação de que no Brasil já está havendo transmissão local do coronavírus, ou seja, contaminação entre pessoas que não foram captar o bichinho no Exterior, coloca o País entre os 38 mais vulneráveis do mundo. Não é muito, mas já serve para assustar e dar argumentos para especuladores. Resta saber se isto serve a quem compra papeis ou abre a porta para fugir do prejuízo o quanto antes.

O caso argentino deriva da constatação de que, no País vizinho, é a vice-presidente Cristina Kirchner quem está dando as cartas na política. Isto já se reflete na economia. Gera insegurança, algo essencial no mundo do dinheiro.

Segundo essas informações, a ex-presidente voltou à cena soltando fumaça pelas ventas, pondo abaixo os gestos de moderação do presidente Alberto Fernández. Ou seja: o novo mandatário consolida sua imagem de “poste”, sem a credibilidade política para sustentar a precária posição internacional do País, algemado por uma crise fiscal e financeira sem precedentes. A moratória seria inevitável. A crise política decorrente, seria muito grave. Seus respingos sobre a economia brasileira seriam devastadores. Os dois juntos, Argentina e Covid-19, são as bruxas atrás da porta no Brasil, dizem os economistas.

Além dos mercados, a decisão do Itamaraty de esvaziar a embaixada brasileira em Caracas pode ser um sinal de que esse movimento poderia, eventualmente, contaminar o relacionamento com a Argentina esquerdeada. Isto produzia outros obstáculos ao comércio.

O chanceler Ernesto Araújo e a representantante da Venezuela no Brasil, Maria Teresa Belandria

A questão do baixo crescimento do PIB, no Brasil, anunciado nesta semana, não impressiona negativamente nos mercados internacionais, pois não há recessão. Havendo um número positivo, já basta para não criar evasão descontrolada de divisas, ou seja, sem perigo de crise cambial. A alta do dólar seria assimilável, condizente com o que ocorre em outros países, neste momento. A dificuldade é, efetivamente, a desvalorização dos ativos, tanto aqui como no exterior. Neste sentido, há um movimento para os governos, a exemplo de 2008, sustentarem suas economias evitando uma crise sistêmica. A dúvida dos operadores é saber até quando e até quanto os fundos públicos estarão socorrendo seus especuladores para evitar que a ganância dos rentistas atinjam à totalidade das populações nos países, já assustadas com a doença.

A verdade é que, nestes dias, os mercados mundiais olham para Estados Unidos e Brasil, no Hemisfério ocidental, como termômetros do que poderá acontecer como repercussão da crise sanitária. São os dois puxadores dos mercados deste lado do Oceano Atlântico. Ministro Paulo Guedes, cuidado com as palavras: como diz o ditado, “se a língua é de prata, o silencio é de ouro”.

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