Sou apenas mais uma a ficar estarrecida com essa história do coach de masculinidade. Assim espero, ao menos. Não é possível que alguma pessoa minimamente normal ache isso sequer razoável.
A bizarrice começa pelo personagem, um horror! Vi um comentário da Mônica Iozzi falando que além de tudo ele é muito feio. Não acho que isso seja relevante, afinal beleza não credencia nem descredencia ninguém. Mas entendi o que ela quis dizer, o cara quer pagar de gostosão quando não tem sequer atributos físicos para tal. E olha que ela só falou do rosto.
O ridículo continua quando ele afirma querer ensinar homens a exercitarem sua masculinidade. Masculinidade, no caso, que seus pretensos alunos poderiam aprender seguindo o exemplo de vários personagens da literatura, como os coronéis de Jorge Amado. Para ficar na atualidade, bastariam se inspirar no ex-presidente que é mestre em colocar mulheres nos seus lugares de subordinação (não é disso também que se trata?).
Modelos de machões babacas não faltam por aí. Aliás, a cultura brasileira é pródiga em produzir esses tipinhos. Não precisa de coach para isso não.
Por óbvio, esse sujeito começou com esse discurso para se contrapor ao movimento feminista. Machistas, homens e mulheres, detestam o que representa o feminismo.
Para os homens, a independência das mulheres é um perigo. Mulher que trabalha e ganha seu dinheiro não precisa se submeter às ordens e aos desmandos dos maridos. Mulher livre sabe o que é sexo bom e isso assusta mesmo essa turma, que em sua maioria não manda bem na hora H. Além disso, muitas vezes é ela quem escolhe seu parceiro ou, para enlouquecer o tal coach, sua parceira.
Faz parte do estatuto dos machistas achar que uma lésbica é apenas uma mulher mal comida por um homem. Em seu mundinho pequeno não dá pra imaginar duas mulheres gozando. Eles não imaginam nem uma mulher, no caso a deles, gozando. Isso é coisa de macho.
Para as mulheres machistas, o feminismo representa a obrigação de assumir sua vida sem ingerência de um homem. Muitas reclamam que o movimento só trouxe perdas, mais trabalho e menos regalias. Em alguns casos, pode até ser que sim, mas vou apelar para um clichê: a liberdade não tem preço.
Outra frase meio clichê que cabe bem nessa história é: tudo não terás. O espaço que as mulheres vêm conquistando a duras penas foi cavado com o suor de muitas que nos antecederam e escolheram abrir mão sim de regalias para conseguir viver com protagonismo a sua vida.
Conheço mulheres que são agredidas física, verbal ou emocionalmente por seus parceiros, mas são críticas ferrenhas do feminismo.
Hoje em dia ser contra o movimento feminista é ser a favor de machistas que acham bacana ensinar e perpetuar a masculinidade tóxica.
Grande parte das mulheres, creio que a maioria, não quer parceiros ou parceiras para pagar contas ou mandar na sua vida. Contas a gente divide. Mulheres modernas procuram pessoas com quem dividir também as glórias e os perrengues, lado a lado, com respeito, cumplicidade e amor.
Amor!! Esse sentimento, coisa de boiola, não deve ser abordado no curso do coach machão.